3 de março de 2013

APRENDENDO COM A ESCOLAS ....... DE SAMBA!


Recebi este artigo do departamento de Marketing da Universidade que leciono em Marília – UNIVEM e achei muito interessante a relação que o autor faz comparando as escolas de samba a um “laboratório de Administração de Empresas”, um ponto de vista interessante que gostaria de dividir com vocês, boa leitura!

Prof. Geraldo Cesar Meneghello

As faculdades de administração bem que podiam criar uma cadeira que poderia ter o nome de “Planejamento, Organização, Estrutura, Execução e  Controle aplicados aos processos executados nos desfiles das Escolas de Samba” ou, mais facilmente, “Vamos aprender a gerenciar com o samba!”.

Em vez de aulas chatas e cansativas, os alunos visitariam os barracões durante o ano, estudando os processos de elaboração e construção de alegorias e fantasias; assistiriam aos ensaios da bateria e analisariam o estilo de gestão de pessoas adotado pelo Mestre de Bateria; e avaliariam a estrutura organizacional fixa das escolas e a estrutura de processos para o desfile.

Cada um desse itens poderia ainda ser visto pela visão dos indicadores de qualidade e produtividade e do monitoramento contínuo. Quais os quesitos que serão considerados pela comissão julgadora? Como a escola se prepara para atingir a nota máxima em cada um?

O que mede a qualidade? Ou melhor, sabemos o que é qualidade nesse caso? É o que o cliente quer ou o que supera suas expectativas? Quem é o cliente?  Tanto pode ser o povão nas arquibancadas quanto o telespectador em casa ou os jurados. Para cada cliente, uma forma de entrega diferente. Como itens  subjetivos do tipo beleza, harmonia e empolgação poderiam ser prèviamente ajustados e treinados para o melhor resultado final do processo?

A gestão do marketing também tem que entrar. Precisamos saber se o samba-enredo foi bem divulgado e se o povo está sabendo cantar. Os ensaios foram  disputados? Atraíram celebridades e repercutiram na mídia? E o pós-desfile, como capitalizar e gerar recursos para o ano seguinte? Vocês têm as respostas? Eu não. Mas olhem só que beleza de debates poderiam sair daí!

Não podemos esquecer da produtividade, que pode ser definida como uma razão entre o que é produzido e o que é consumido para essa produção. E o que seria  produzido por uma escola durante o ano e no desfile? O consumo pode ser em horas de trabalho ou em dinheiro gasto, em tempo ou em qualquer outro quesito absorvido no processo.

A produção de fantasias é um item interessante de se ver por esse aspecto. Quantas foram produzidas em quanto tempo? Por quanto? Estava dentro do  planejado? Sabemos qual era a capacitação das pessoas envolvidas e se tiveram treinamento? Existe algo parecido com um plano de cargos e salários, mesmo que informal? Quem ganha mais e porque? Como medir os benefícios indiretos?

Durante o desfile entra o conceito de “monitoramento contínuo”. Os Diretores de alas (gerentes) precisam saber quanto tempo resta e se o som está OK. O samba atravessou, levantou a galera ou foi apenas certinho? A comissão de frente está desempenhando bem? A ala das baianas evolui legal? E o recuo da bateria? E a  madrinha? E...? Quantos requisitos para acompanhar...

Mas terminado o desfile, tem que começar processo de melhoria contínua. Foram 4.000 pessoas desfilando em dezenas de alas, evoluindo ao longo da avenida de modo organizado e planejado, seguindo um ritmo pré-determinado.

Que habilidades e competências estiveram presentes ou ausentes e como foi o comportamento dessas pessoas ao longo do desfile? Seu perfil comportamental estava adequado às tarefas que elas desempenharam? O que pode e deve ser melhorado para o ano que vem?

Fala sério! Quem não teria vontade de assistir a uma aula dessas? Daria fácil para consumir um semestre inteiro.

E nem falamos de tecnologias de processo e de produto, nem de sistemas de informação. Mas isso fica para o próximo desfile, perdão, para o próximo semestre... 

Por Paulo Barreira Milet, empresário, sócio diretor da Eschola.com, Matemático pela UnB com MBA pela FGV/RJ.

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