11 de março de 2012

A ARMAZENAGEM AINDA É NECESSÁRIA


A armazenagem ainda é o caminho mais eficiente para consolidar as linhas de fornecedores e dividir o volume para servir às lojas de varejo. É, em geral, o único caminho viável para colocar quantidades de peças (oposto ao palete ou caixa), nas lojas. São necessários projetos de armazéns especiais para movimentar os volumes, analisando a instalação de dispositivos de separação rápida ou “alimentadores por gravidade”, adequadamente integrados aos procedimentos diários.    

A automação do armazém foi um experimento realizado no início da década de 1960. Embora o custo de automação do armazém e o número de falhas possam ter feito muitos operadores de armazéns procurarem por inovações, o principal motivo foi a síndrome do pioneirismo. Um armazém bem projetado que possa movimentar o fluxo de entrada em paletes e caixas e o fluxo de saída em qualquer quantidade, elimina a necessidade de centro de redistribuição para dividir o volume. E não se esqueça que o conceito de armazém é o de propiciar estoque-pulmão onde necessário.

No cenário acima, ignoramos a propriedade e, portanto, fomos capazes de colocar estoques de mercadorias em qualquer parte da cadeia de abastecimento. O raciocínio foi baseado na suposição de que as fábricas manteriam todo o estoque-pulmão e seriam capazes de expedir direto para os centros de redistribuição ou atacadistas.

Fabricantes e varejistas continuarão independentes. Então, os fabricantes precisarão reportar resultados aceitáveis a seus acionistas. Tais números são definidos por banqueiros, outros "mágicos" das finanças e analistas da bolsa de valores.

É provável que os fabricantes, no meio do papel de otimização da cadeia de abastecimento, prefiram minimizar seus estoques de produtos acabados e o atacadista pode ser a saída para essa redução. Os fabricantes oferecerão descontos por quantidade, descontos por palete, para veículos cheios, para o pedido total e preço especial, tudo forçando quantidades maiores que o necessário na cadeia de abastecimento.

Raramente faz sentido deixar tudo isso seguir até as prateleiras do varejo. Se acabam no centro de abastecimento, então ele é, na verdade, um armazém oferecendo uma das muitas funções do atacado.

Talvez não exista nada novo além do foco. No início dos anos de 1960, um “novo” conceito chamado “slim” varreu o mundo do varejo. Dizia-se que os produtos que ficassem no fundo da loja não venderiam. Assim, a coisa a fazer era remodelar as lojas, ampliar o espaço de varejo e eliminar os fundos.

Todos os conceitos novos tendem a ser exagerados, mal-entendidos e propensos a falha. Após alguns anos, sacodem e oferecem benefícios adequados. Alguns itens precisam de espaço no fundo, outros não. O slim não era um conceito novo em 1960. Algumas cadeias simplesmente eram menos progressistas do que outras.

Agora, no meio da cadeia de abastecimento, a história se repete. Algumas cadeias balançaram sua confiança nos armazéns, centros de redistribuição e distribuição direta, outras não. Quando mudam alguma coisa, para melhor ou pior, dizem que estão promovendo a reestruturação de suas empresas.

Temos visto o progresso realizado, aqui e ali, em toda parte da cadeia de abastecimento ao longo dos anos. Louis Pasteur descobriu como melhorar a cadeia de abastecimento para o leite. A Brothers Rausing melhorou a cadeia de abastecimento novamente introduzindo o Tetra Park. O supermercado substituiu o estoque geral. Temos hipermercados e lojas de conveniência.

Pioneirismo, antes de toda reestruturação comprovada tiver sido empregada, é irresponsável. Esta pode ser a mensagem mais importante a ser passada, por dois motivos:

1. Pioneirismo é caro. Novas técnicas e procedimentos raramente funcionam da primeira vez que são tentados. Fazer um protótipo é obrigatório. Os responsáveis pela logística recorrem ao custo da indecisão quando exercem o papel de Cristovão Colombo, em vez de estudar, aprender e avaliar soluções conhecidas e depois explicar à alta administração para aprovação.

2. Muitas das histórias de sucesso de reengenharia falam de empresas que ainda não aplicaram e dominaram ferramentas e técnicas já em utilização por outros negócios.

O resultado mais positivo do atual movimento de reestruturação é que a alta administração está se envolvendo. A reestruturação se aplica a todos os departamentos, mas apenas a alta administração pode tomar as decisões necessárias.

Talvez os responsáveis pela logística tenham uma missão mais exigente e importante do que a geralmente entendida – estudar, aprender e avaliar soluções conhecidas, depois explicá-las, sem tendências, à alta administração, para aprovação final.

Artigo escrito por José Maurício Banzato, Diretor e instrutor da IMAM Consultoria Ltda, empresa especializada na solução de problemas relacionados à logística e engenharia industrial, movimentação e armazenagem de materiais, técnicas modernas de administração da manufatura e estratégias de produtividade.

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