17 de novembro de 2012

A DORI QUER IR DE MARÍLIA PARA O MUNDO

São Paulo - Fica na cidade de Marília, a 420 quilômetros de São Paulo, a maior concorrente as multinacionais Kraft e Mars no mercado de confeitos de chocolate — aquelas pastilhinhas coloridas e recheadas. Não é pouca coisa. As marcas Confeti, da Kraft, e M&M’s, da Mars, são líderes em dezenas de países ao redor do mundo.

Mas, por aqui, metade do mercado está na mão da Dori, dona da marca Disqueti. A empresa não é forte apenas nesse mercado super específico. Fundada há 45 anos no interior paulista, a Dori bate de frente com as maiores empresas de balas e confeitos do mundo.

No Brasil, além da liderança nos confeitos de chocolate, é a primeira em diversas categorias, como amendoins confeitados e balas de goma de amido. Além disso, seus doces são exportados para 54 países. Nos últimos três anos, o faturamento da empresa cresceu 60% e deve fechar o ano em 520 milhões de reais — impulsionado, principalmente, pela explosão no consumo doméstico.

De suas três fábricas, localizadas em Marília e em Rolândia, no Paraná, saem 400 toneladas de doces por dia. Agora, a Dori se prepara para o passo mais ousado de sua história: construir uma fábrica no mercado mais competitivo do mundo, os Estados Unidos.
Presidente da Dori Alimentos - Carlos Barion

A América do Norte já é destino de 35% das exportações da Dori. “Seria um desperdício não ir para lá. É o maior mercado do mundo”, diz Carlos Barion, da segunda geração da família e há dois anos presidente da companhia. A ideia começou com a instalação de um escritório comercial em Miami.

Agora, a prioridade é construir uma fábrica nos Estados Unidos. As máquinas já foram encomendadas na Europa e serão entregues até junho. Até lá, se tiver qualquer contratempo, a Dori pode optar por trazer a linha para o Brasil e ampliar seu portfólio de três para quatro fábricas por aqui.

Mas a companhia já tem um diretor escolhido para tocar a operação americana e contratou também a consultoria americana Knechetel para mapear o mercado e identificar as oportunidades e os produtos ideais a ser lançados por lá. 

Aparentemente, os Barion estão cientes do risco de sair do interior de São Paulo para construir uma unidade no maior mercado do mundo. Há oito anos, a empresa fez uma tentativa de ir para os Estados Unidos. Na época, desistiu por achar que não teria poder de fogo para criar uma marca forte.

Depois de superar múltis como Kraft e Mars no mercado brasileiro, a Dori, de Marília, planeja abrir uma fábrica nos Estados Unidos, o maior mercado de doces do mundo. Qual é a lógica?

Por isso, desta vez a empresa decidiu deixar o marketing de lado e apostar no que faz de melhor: produtos inovadores a preço competitivo. No início de 2013, a Dori vai inaugurar um centro de inovação em Mairinque, no interior de São Paulo. A ideia é ampliar ainda mais a gama de produtos, que já tem 165 itens, e incluir tabletes de chocolates no portfólio.

“Vamos atuar como fornecedores de grandes varejistas americanos. Já temos parcerias com o Walgreens, o Walmart e o Sam’s Club”, diz Vitor Barion, irmão de Carlos e presidente do conselho de administração. Vitor acredita que seu tamanho menor lhe dará agilidade frente à concorrência.

A Dori poderá atender pedidos em lotes menores — por exemplo, numa promoção de última hora — das grandes varejistas, um tipo de negócio que nem sempre interessa às grandes fabricantes de doces.

Enquanto estuda expandir as fronteiras, a Dori enfrenta também um desafio doméstico. A gestão da empresa ainda é tipicamente familiar: 92% das ações estão nas mãos da família. Carlos Barion continua a cumprimentar os funcionários pelo nome. E sabe o funcionamento de cada máquina.

Como costuma acontecer com empresas familiares em forte expansão, o crescimento dos últimos anos trouxe problemas. Em 2011, a empresa fechou no vermelho. Mesmo assim, distribuiu um prêmio para os 2 400 funcionários sob a alegação de motivá-los para 2012.

Por enquanto, vem dando certo: até outubro, a Dori estava no azul. O plano, agora, é explorar nichos de mercado — como o de balas de goma e amendoim. A Dori acredita que as grandes multinacionais ainda deixam brechas — curiosamente, até mesmo nos Estados Unidos.

Por Michele Loureiro, de Exame
Pode ser visto em http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1028/noticias/a-dori-quer-ir-de-marilia-para-o-mundo?page=1

2 comentários:

  1. essa ideia de partir para os E.U.A é muito ousada visto que uma empresa com receita milionaria e que recentemente fechou no vermelho, acredito que seria melhor se estabelecer internamente, acabar com conflitos internos que ocorrem principalmente por se tratar de uma empresa familiar, e ai sim partir para o exterior.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro leitor, você disse bem: uma ideia ousada!
      Porém, do ponto de vista estratégico, a Dori estará participando de forma efetiva do maior mercado consumidor do mundo os EUA, mesmo depois da crise econômica de 2008. A empresa estará sendo suportada pela sua operação no Brasil e sobretudo estará competindo na "casa" de seus concorrentes, trazendo grande visibilidade no cenário empresarial e reforçando ainda mais sua marca.
      Obrigado,
      Geraldo Cesar Meneghello

      Excluir