13 de novembro de 2024

OS IMPACTOS DA LIDERANÇA TÓXICA NAS EMPRESAS

 

A liderança tóxica é um fenômeno que afeta negativamente o ambiente de trabalho, resultando em diversos males tanto para os colaboradores quanto para a empresa. Este tipo de liderança é caracterizado por comportamentos abusivos, manipuladores e desrespeitosos, que geram um ambiente de trabalho estressante e desmotivador. Ela pode causar altos níveis de estresse, ansiedade e depressão entre os colaboradores. Especificamente, pode levar a doenças como a síndrome de burnout, transtorno de ansiedade generalizada e depressão maior. Esses sintomas podem resultar em problemas de saúde física, como dores de cabeça, problemas digestivos e até doenças cardíacas. Além disso, a falta de apoio e reconhecimento pode afetar a autoestima e a satisfação pessoal dos funcionários.

Empresas com liderança tóxica frequentemente enfrentam prejuízos financeiros significativos. A alta rotatividade de funcionários resulta em custos elevados com recrutamento e treinamento de novos colaboradores. Além disso, a baixa produtividade e a falta de inovação podem comprometer a competitividade da empresa no mercado. A reputação da empresa pode ser manchada, e a atração de talentos torna-se um desafio, resultando em perda de negócios e dificuldades financeiras.

O absenteísmo é outro problema comum em ambientes com liderança tóxica. Colaboradores que se sentem desvalorizados e desmotivados tendem a faltar ao trabalho com mais frequência, o que pode afetar a continuidade das operações e a qualidade do serviço prestado.

A cultura organizacional também é afetada pela liderança tóxica. Um ambiente de trabalho tóxico pode criar uma cultura de desconfiança, medo e competição desleal, o que prejudica a colaboração e a inovação. A falta de empatia e comunicação eficaz pode levar a um ambiente de trabalho hostil e estagnado.

A liderança tóxica pode se manifestar de várias maneiras, desde a falta de comunicação eficaz até o desrespeito pelos membros da equipe. Sinais iniciais incluem alta rotatividade de funcionários, queda na produtividade e um ambiente de trabalho tenso.

Uma liderança tóxica cria um ambiente de trabalho onde a desconfiança, o medo e a ansiedade predominam. Os membros da equipe podem sentir-se desvalorizados, desmotivados e incapazes de expressar suas opiniões. Isso não apenas afeta o bem-estar dos funcionários, mas também prejudica a colaboração e a inovação.

Os impactos da liderança tóxica se estendem muito além do departamento afetado. A reputação da empresa pode ser manchada, atração de talentos torna-se um desafio, e clientes podem perceber a falta de coesão interna. A longo prazo, isso pode resultar em perda de negócios e dificuldades

É crucial implementar estratégias específicas para abordar esse problema e cultivar um ambiente de trabalho saudável. Algumas estratégias incluem treinamento e desenvolvimento dos líderes, feedback 360°, mentoria e coaching, ações disciplinares adequadas e promoção de uma cultura positiva.

Conclusão

Para evitar os males da liderança tóxica, é essencial que as empresas adotem práticas de liderança mais saudáveis e inclusivas. O setor de Recursos Humanos desempenha um papel crucial na identificação e resolução de problemas de liderança tóxica, garantindo um ambiente de trabalho positivo e produtivo.

Por Geraldo Cesar Meneghello

Bibliografia

- Krunfli, M. (2024). Liderança tóxica: o que é e qual a hora de sair? Forbes. Disponível em: [https://forbes.com.br/carreira/2024/06/lideranca-toxica-novas-geracoes-podem-mudar-o-ambiente-de-trabalho/](https://forbes.com.br/carreira/2024/06/lideranca-toxica-novas-geracoes-podem-mudar-o-ambiente-de-trabalho/)

- **Clien**: O artigo "O Impacto da Liderança Tóxica nos Negócios e nas Pessoas" oferece uma visão abrangente sobre os sinais, impactos e estratégias para lidar com a liderança tóxica.

- **Mundo RH**: O artigo "O impacto da liderança tóxica nas organizações" discute os principais comportamentos de chefes que causam pedidos de demissão e os efeitos negativos dessa liderança.

- **Epitaya**: O estudo "Consequências de uma Liderança Tóxica: Impactos Organizacionais e Humanos" examina os efeitos prejudiciais de uma liderança tóxica e propõe métodos para mitigar os problemas.

- **Pontotel**: O artigo "Entendendo a liderança tóxica: sinais, consequências e soluções" aborda os comportamentos abusivos dos líderes tóxicos e seus impactos no ambiente de trabalho.

7 de novembro de 2024

A POLÍTICA E A LOGÍSTICA: UMA CORRELAÇÃO ESSENCIAL

 A logística desempenha um papel crucial na economia de um país, e a política pública é fundamental para garantir que os sistemas logísticos sejam eficientes e sustentáveis. A relação entre política e logística é bidirecional: as políticas públicas influenciam diretamente a eficiência da logística, enquanto a logística impacta a implementação e o sucesso das políticas.

Investimento em Infraestrutura Logística

O investimento em infraestrutura logística, como portos, aeroportos e estradas, é essencial para o desenvolvimento econômico. Portos e aeroportos são pontos de entrada e saída de mercadorias, enquanto estradas facilitam o transporte terrestre. A modernização e expansão dessas infraestruturas são vitais para aumentar a competitividade no mercado global.

 Vantagens Competitivas

Um sistema logístico eficiente proporciona várias vantagens competitivas. Reduz os custos de transporte, melhora a eficiência na cadeia de suprimentos e aumenta a capacidade de resposta às demandas do mercado. Além disso, uma infraestrutura logística robusta atrai investimentos estrangeiros e promove o crescimento econômico.

Responsabilidades Governamentais

O governo tem papel fundamental na criação e manutenção de uma infraestrutura logística eficiente. O Ministério dos Transportes é responsável pela elaboração e implementação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento e manutenção das redes de transporte. Isso inclui investimentos em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, além da implementação de tecnologias avançadas que otimizem o transporte e a logística.

 Propostas de Ação para Políticas Públicas

Para garantir que a logística receba a devida atenção nas políticas públicas, é necessário adotar ações concretas, como:

- Aumentar os Investimentos: Alocar mais recursos para a modernização das infraestruturas de transporte, incluindo rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.

- Fomentar Parcerias Público-Privadas: Incentivar a colaboração entre governo e setor privado para financiar projetos de infraestrutura.

- Implementar Tecnologias Avançadas: Promover o uso de tecnologias como sistemas de gestão de transporte (TMS) e Internet das Coisas (IoT) para melhorar a eficiência e a rastreabilidade dos processos logísticos.

- Formação e Qualificação Profissional: Investir na formação e qualificação de profissionais da área de logística, garantindo mão de obra qualificada para operar tecnologias avançadas.

- Políticas de Sustentabilidade: Implementar políticas que promovam práticas sustentáveis na logística, como o uso de combustíveis alternativos e a redução de emissões de carbono.

Previsão de investimentos em Infraestrutura Logística

A previsão de investimentos em infraestrutura logística para o próximo ano é de aproximadamente **$500 bilhões**. Esse valor reflete o compromisso contínuo de governos e setores privados em melhorar a eficiência e capacidade das redes de transporte.

Histórico de Investimentos

Nos últimos cinco anos, os investimentos em infraestrutura logística totalizaram cerca de **$2,5 trilhões**. Esse histórico mostra um crescimento consistente, com um aumento anual médio de 5%.

Valores Necessários para Melhorar a Infraestrutura

Estimativas indicam que serão necessários cerca de **$3 trilhões** nos próximos dez anos para modernizar e expandir a infraestrutura logística globalmente. Isso inclui melhorias em rodovias, portos, ferrovias e sistemas de transporte aéreo.

Conclusão

 A correlação entre política e logística é fundamental para o desenvolvimento econômico e a competitividade de um país. Investimentos estratégicos em infraestrutura logística, aliados a políticas públicas eficazes, são essenciais para criar um ambiente propício ao crescimento econômico e à sustentabilidade. O papel do governo, especialmente através do Ministério dos Transportes, é crucial para garantir que essas políticas sejam implementadas de maneira eficiente e eficaz.

Por: Geraldo Cesar Meneghello

Referências

- Vaz, J. C., & Spanghero, G. L. (2011). A contribuição da logística integrada às decisões de gestão das políticas públicas no Brasil. Revista de Administração Pública, 45(1), 1-20. 

- Mercator. (2018). Transportes e a logística frente à reestruturação econômica no Brasil. Mercator, 17, 1-10. 

- Wanke, P. F. (2003). Dinâmica da estratégia logística em empresas brasileiras. Revista de Administração de Empresas, 43(3), 48-60. 

- Patrus. (2017). Governança corporativa e logística: entenda tudo sobre essa relação. Patrus Blog.

 

23 de setembro de 2024

OS 10 OBJETIVOS DA LOGÍSTICA E COMO ALCANÇÁ-LOS

 

Os objetivos da logística englobam o planejamento, gerenciamento e controle eficientes do armazenamento e envio de bens. Para otimizar os processos que compõem a cadeia de suprimentos, as empresas devem considerar dez fatores-chave para maximizar os resultados.

 

Quais são os objetivos da logística?

A logística não é uma parte isolada de um negócio, mas um processo global de geração de valor. O sucesso de uma operação comercial baseia-se na logística existente por trás dela. Nesse contexto, é fundamental compreender dez dos principais objetivos da logística, pilares-chave para garantir a eficiência e a competitividade que qualquer empresa deve ter em mente.

 

Objetivo 1: aumentar a competitividade

primeiro objetivo da logística é fazer com que a empresa seja mais competitiva. Isso é possível garantindo rapidez nas entregas e na qualidade das informações recebidas pelas partes envolvidas no processo logístico. Cada vez mais empresas incluem suas capacidades logísticas nas propostas de valor que apresentam aos seus clientes, especialmente no caso do setor varejista e das marcas de moda.

O crescimento do comércio eletrônico e dos envios em 24 horas geraram uma maior concorrência para entregar os pedidos em menos tempo e oferecer as maiores facilidades possíveis aos clientes online. Definir pontos de retirada diferentes da casa do destinatário é um exemplo dessa tendência.

 

Objetivo 2: antecipar as necessidades

Tão necessário quanto ser competitivo na distribuição da mercadoria é fazer uma boa previsão das necessidades dos consumidores. Ter o produto necessário nas quantidades certas pode fazer a diferença entre o fracasso e o sucesso de um negócio. Para ter uma logística de abastecimento eficiente é essencial sincronizar informações entre o armazém e os pontos de venda.

Empresas com um centro de distribuição e diferentes pontos de venda podem instalar ferramentas digitais como o Store Fulfillment para gerenciar a reposição dos artigos automaticamente. Essa solução verifica a quantidade de estoque disponível nos pontos de venda e organiza as reposições para manter níveis de estoque suficientes e não perder oportunidades de negócio.

 

Objetivo 3: calcular o estoque ideal

Antecipar-se às necessidades não deve traduzir-se em cair no excesso de estoque. Em logística, convém manter níveis de estoque adequados para evitar a obsolescência dos artigos. Adotar uma estratégia just-in-time pode ser benéfico para as empresas, mas também requer um planejamento muito exigente.

Diante desse desafio, contar com um sistema de gerenciamento de armazémcomo o Easy WMS, permite monitorar o status do estoque em tempo real e garantir a rastreabilidade do fluxo de produtos.

 

Objetivo 4: fortalecer o relacionamento com clientes e fornecedores

Um dos principais objetivos da logística é preservar e ganhar a confiança de clientes e fornecedores. Atingir os resultados estabelecidos, garantir as entregas no prazo, resolver os possíveis incidentes e manter os canais de comunicação abertos pode fazer a diferença em relação aos concorrentes. Além disso, segundo o economista Philip Kotler, considerado o pai do marketing moderno, conseguir um novo comprador é mais caro do que reter um já existente.

 

Objetivo 5: cuidar do atendimento ao consumidor

É preciso cuidar do produto final, mas também de toda a experiência de compra, desde o primeiro contato telefônico ou impacto inicial em um site até o recebimento do pedido. Segundo o estudo da Capgemini, "Last Mile Delivery Challenge", 55% dos clientes trocariam de marca se outra lhes oferecesse um serviço de entrega mais rápido. A logística é um dos fatores que mais influência exerce na percepção global do cliente online, portanto, um gerenciamento inadequado pode chegar a ofuscar o produto de maior qualidade.

Um picking eficiente e reduzir os prazos de preparação de pedidos contribuem para atender às expectativas dos usuários. Os armazéns de comércio eletrônico, por exemplo, podem otimizar suas operações logísticas utilizando o software WMS específico para o e-commerce.

 

Objetivo 6: otimizar os custos operacionais

A logística não deve ser interpretada como uma despesa fixa que a empresa deve necessariamente arcar, mas sim como uma oportunidade para melhorar processos. Antecipar-se e cumprir os prazos de entrega evita ter que recorrer a entregas expressas. Além disso, os erros cometidos na preparação dos pedidos e no gerenciamento dos envios implicam um custo adicional ao ter que devolver e enviar novamente a mercadoria.

Para otimizar as operações da cadeia de suprimentos, as empresas geralmente recorrem à utilização de dados. Graças às informações compiladas, podem tomar decisões mais acertadas com facilidade. Com ferramentas como o software Supply Chain Analytics, as empresas podem comparar estatísticas e detectar ineficiências e oportunidades de melhoria.

 

Objetivo 7: planejar as melhores rotas

Dedicar recursos para escolher a melhor rota de distribuição oferece múltiplas vantagens. Entre outras coisas, evita engarrafamentos e outros contratempos, facilita o controle da localização dos motoristas e veículos e permite que a mercadoria chegue a tempo e nas condições ideais.

A utilização de um sistema de gestão de rotas avançado ajuda a planejar os percursos ideais, considerando fatores como distância, tráfego, restrições de peso ou tamanho e horários de entrega.

 

Objetivo 8: garantir a eficiência dos processos

A logística tem como objetivo alcançar a eficiência em cada área produtiva. Para atingir o máximo potencial, é recomendável evitar a duplicidade de tarefas, o mau gerenciamento dos recursos, a burocracia excessiva ou lacunas na produção.

É conveniente implementar ações corretivas e abandonar as estratégias obsoletas. Também é recomendável adotar sistemas automatizados e explorar outras inovações, como as tecnologias de monitoramento, armazenamento de informações na nuvem, leitores portáteis e scanners industriais, assim como etiquetas inteligentes ou visão computacional.

 

Objetivo 9: agregar valor social

Manter as cadeias de suprimentos ativas é básico para o correto funcionamento da economia, por isso a logística está intimamente ligada à sociedade. Quanto melhor a infraestrutura, mais fácil será o crescimento econômico de uma região.

Outra situação em que a logística agrega valor social são as catástrofes humanitárias. Uma boa rede permite enviar ajuda e recursos de resgate às regiões afetadas por desastres naturais ou guerras.

 

Objetivo 10: cuidar do meio ambiente

O setor logístico está imerso em um processo de mudança visando que sua atividade respeite o meio ambiente. A logística sustentável engloba um conjunto de práticas que buscam limitar o impacto ambiental de operações como o transporte ou armazenamento, otimizando simultaneamente tempo e custos.

Um exemplo é a Norma Euro 7, que entrará em vigor para automóveis de passeio e utilitários a partir de 2027 e obrigará a reduzir ainda mais as emissões desses veículos.

 

Indicadores para atingir objetivos

É recomendável que as empresas façam um plano de gerenciamento para atingir os objetivos da logística, para tal devem em primeiro lugar estabelecer uma série de KPIs. Os indicadores podem estar relacionados à produção, armazenamento e estoque, abastecimento, preparação e expedição de pedidos, transporte, entregas e atendimento ao cliente.

 

Por MECALUX - pode ser visto em https://www.mecalux.com.br/blog/objetivos-logistica

12 de setembro de 2024

GESTÃO DE MATERIAIS - SEU ESTOQUE É CONFIÁVEL?

 

Em um cenário onde a concorrência é cada vez mais acirrada, a gestão de materiais se apresenta como grande diferencial competitivo, devido ao seu impacto positivo nas rotinas internas da empresa, pois, ter o material certo, na quantidade certa no momento certo e no local certo faz toda a diferença para os processos de planejamento e controle da produção no atendimento aos pedidos dos clientes.

Para se obter uma excelente gestão dos estoques é necessário avaliar em qual nível de controle a empresa se encontra, respondendo algumas perguntas básicas, tais como:

Quantos itens sua empresa possui em estoque? Todos eles estão ativos?

Qual o valor empenhado no estoque? Este valor está adequado a realidade atual da empresa em quantidade e valor? Quais são os itens de maior e menor relevância financeira posicionados em seu estoque?

Qual a acurácia do seu estoque? A margem de erro encontrada classifica o estoque de sua empresa como confiável para o planejamento de materiais?

Sua empresa possui controle sobre o giro dos estoques? A rotatividade dos estoque está adequada as necessidades da empresa?

Sua empresa trabalha no sistema de inventário periódico ou rotativo permanente? No modelo atual de inventário há perda de produção com a paralisação da fábrica para contagem dos materiais ocasionando atrasos nas entregas dos pedidos aos clientes?

Seus colaboradores estão capacitados para realizar uma gestão adequada do estoque? Os procedimentos de entradas e saídas de materiais do estoque atendem perfeitamente as boas práticas de compliance? Os colaboradores passam por treinamento periódicos para revisão dos procedimentos e feedback de resultados?

As políticas de estoque são claras e do conhecimento de todos os colaboradores envolvidos no processo?

Os sistemas de gestão utilizados no processo de controle dos estoques e os indicadores de desempenho atendem suas necessidades para uma correta tomada de decisão?

Os cadastros de materiais estão corretos e devidamente geridos pelos responsáveis?

As áreas de armazenagem estão devidamente dimensionadas para a realidade atual e futura dos estoques?

Se as questões foram respondidas de forma positiva é bem provável que a organização possua uma excelente governança dos processos de gestão de materiais e, sendo assim, conseguirá alcançar resultados consistentes, alinhados com os objetivos estratégicos estabelecidos e o atendimento ao cliente em níveis elevados.

Por Geraldo Cesar Meneghello - Consultor Sênior na GCM LOGISTICS CONSULTING. Contato: geraldo.meneghello@yahoo.com.br

 

23 de julho de 2024

BALANCEAMENTO DINÂMICO: OTIMIZAÇÃO DE ESTOQUES PARA RESILIÊNCIA E LUCRATIVIDADE

 

O Papel Crucial dos Estoques na Cadeia de Suprimentos

Os estoques representam um componente vital na cadeia de suprimentos, especialmente em cenários de produção make-to-stock em que a formação de backlog não é possível.

No caso da indústria de bens de consumo o varejo é bastante estudado por representar a efetividade total da cadeia. Estudos como os da Nielsen e da IHL revelam que os stockouts no varejo oscilam entre 7.4% e 8%. A Harvard Business Review destaca que a falta de produtos reduz o valor das vendas em cerca de 4%.

Este artigo irá explorar estratégias para se atingir o equilíbrio entre o nível de estoques e o nível de serviço, impactando positivamente o capital de giro, os custos de armazenamento, as vendas e a margem operacional.

Abordagens Convencionais na Gestão de Estoques

A gestão de estoques é comumente dividida em duas abordagens:

1) Top-down : Conduzida pela área de negócios e financeiro, tem como objetivo dimensionar o orçamento disponível para os estoques a partir de benchmarks externos, tendências de mercado e necessidade de liberação de caixa.

Benchmarks externos: comparação com empresas de referência para determinar a relação ideal entre margem bruta e dias de estoque

Informações extraídas dos relatórios financeiros de 2022 (apenas controladoras). Via Varejo: apenas se considerou a venda de produtos, sem inclusão de serviços financeiros

Tendências econômicas: análise de fatores como preços de commodities e escassez de materiais

Necessidades de caixa: seja para aquisições de ativos, redução do endividamento ou mudanças na estrutura de capital

2) Bottom-up: Executada pela área de operações, visa garantir a disponibilidade de produtos e atingir o nível de serviço desejado. Tipicamente apresenta as características abaixo:

Gestão manual : frequência baixa de revisões e segregação da gestão de produtos acabados e matérias primas

Ajustes incrementais : modificações sempre partem dos estoques atuais, sem reavaliações base zero para contenção dos estoques

Revisões reativas : propensão ao aumento contínuo dos estoques por conta de ajustes orientados à mitigação de problemas pontuais de abastecimento

Parâmetros operacionais constantes : baseados em premissas fixas como batches de produção, múltiplos de transferência, modelo operacional vigente

Identificando Oportunidades de Otimização

Exploramos três áreas principais para aprimorar a gestão de estoques, partindo daquelas de maior complexidade.

1) Revisão de Modelos Operacionais: a segmentação de modelos operacionais one size fits all, a migração das vendas para o canal direto e a implementação de um modelo make-to-order são algumas iniciativas que permitem reduções expressivas de custos e working capital mas apresentam uma alta complexidade de implementação. Um case de sucesso que combina os elementos citados é o da Dell, que desenvolveu um modelo assemble-to-order associado a um atendimento direto - que reduziu drasticamente os estoques e as perdas por obsolescência.

2) Integração da cadeia de suprimentos : o aumento da visibilidade e colaboração na cadeia (seja com fornecedores ou distribuidores) permite reduções significativas de estoques e custos para todos seus participantes. Este tipo de implementação apresenta uma complexidade intermediária e é exemplificado pelo case da Barilla.

3) Calibração dos estoques de segurança : este é o caminho que viabiliza ganhos mais imediatos através da implementação de modelos de otimização single-stage ou multinível (multiechelon). O case da P&G mostra como implementações de soluções de otimização de estoques em diferentes operações foram capazes de reduzir de 10% a 50% dos níveis de estoques e promover um aumento de até 2 p.p. no nível de serviço.

Iniciativas e Quick Wins Conforme a Maturidade da Gestão de Estoques

O caminho a ser seguido para trazer resultados dependerá do nível de maturidade da empresa cada qual associado a uma uma complexidade de implementação proporcional. Abaixo exploramos as principais iniciativas para a captura de ganhos associadas a cada nível de maturidade:

1) Início da Jornada : Estabelecendo uma Política de Estoques com Sistema DRP

 Para empresas que ainda não possuem uma política de estoques formal, o quick win reside na centralização e padronização das decisões de estoque. A implementação de um sistema de DRP (Distribution Requirements Planning) / Deployment pode ser um passo transformador, promovendo uma gestão de estoques orientada a dados (em particular à demanda e aos parâmetros de abastecimento/produção) e menos suscetível a decisões ad-hoc.

2) Gestão Reativa : Oportunidade na Reavaliação da Política com Base Zero e Segmentação

Nesse estágio os ajustes na política já são realizados em casos prolongados de indisponibilidade de materiais. As Organizações que se enquadram nesse nível de maturidade podem obter ganhos rápidos com a segmentação dos parâmetros de reposição (diferenciando por exemplo lotes mínimos de acordo com o giro do produto) e implementação de soluções single-stage para sugestão de estoques de segurança com base zero e calcada em dados históricos de aderência de demanda e lead time/fill rate do abastecimento.

3) Processo Estabelecido de Revisões da Política : Oportunidade na Otimização de Estoques Multinível

Empresas que operam com modelos single-stage podem se beneficiar da transição para uma abordagem de otimização estocástica multinível, tratando simultaneamente todos os materiais e elos da cadeia e considerando um número maior de variáveis e parâmetros.

Esses modelos buscam a melhor relação entre a participação efetiva de cada material (acabados, intermediários ou matérias primas) nas vendas e margem operacional e seus respectivos carrying costs e riscos de writeoff.

Deste tipo de otimização podem surgir insights importantes como potenciais postergações de produção com o objetivo de reduzir perdas ou o número de combinações material-location que carregam estoques de segurança.

4) Empresas que já Empregam uma Otimização de Estoques Multinível : Oportunidades em Novas Estratégias

Em organizações que já fazem uso de modelos de otimização de estoque multinível a oportunidade não está em quick wins imediatos mas na possibilidade de redefinir ou segmentar a estratégia da cadeia de suprimentos, o nível de serviço desejado e então desenvolver os modelos operacionais que suportem essa visão. Estas atividades podem promover mudanças substanciais no uso de estoques ao longo da cadeia e no esforço necessário para atender o nível de serviço acordado.

Por Erick Butler Poletto - Founder at OpsFactor

S&OE: Sales & Operations Execution

 

O processo de desdobramento do S&OP em planos operacionais é comumente conhecido como Sales and Operations Execution, S&OE,  e busca detalhar os planos de vendas para a elaboração dos planos de produção, recebimento e expedição semanais, permitindo ajustes e a melhor alocação de recursos possível frente as variações da demanda.

Em um cenário onde é cada vez mais difícil estimar a demanda e seu comportamento ao longo do mês, o alinhamento no nível tático, com um número mensal, por família de produto e para a empresa como um todo, discutido e acordado no processo de S&OP, não parece ser suficiente para evitar o desalinhamento das decisões das diferentes áreas organizacionais.

É preciso garantir, por exemplo, que um produto de baixo giro, que só é produzido uma vez por mês, entrará no scheduling de produção na semana mais adequada para recomposição de estoques, e não apenas na última semana do mês. Ou ainda que o plano de recebimento semanal está adequado para garantir a disponibilidade dos insumos que serão usados na produção daquela semana.

Na prática, o S&OE é um ciclo de planejamento mais curto, que tem início com a revisão da previsão de vendas para a semana seguinte, análise das necessidades líquidas de estoque decorrentes desta revisão e, a partir daí, a elaboração dos planos de recebimento, produção e expedição da próxima semana. Toda sexta-feira, como conclusão do processo de S&OE, ocorre uma reunião em que os números são discutidos e publicados.

Empresas de Fast Moving Consumer Goods (FMCG), inseridas em mercados altamente competitivos e dinâmicos, são as que mais sentem necessidade de desdobrar seus planos mensais. Já para empresas de setores industriais mais estáveis, com demanda mais previsível ao longo do tempo, e com portfólio de produtos mais restrito, o número do S&OP pode ser suficiente para o desdobramento dos planos operacionais por cada área, sem a necessidade de novos alinhamentos ao longo do mês.

Autor: Leonardo Julianelli - Instituto ILOS.