5 de agosto de 2011

LOGÍSTICA REVERSA

Que hoje em dia a logística é imprescindível para organizações, ninguém duvida! Com o aumento da competitividade, os empresários descobriram ao longo das últimas três décadas a importância da área no campo estratégico, tático e operacional. O aumento das exigências no ambiente interno e externo da companhia, a maior conscientização empresarial de suas possibilidades competitivas, a preocupação com os custos de estoques e transportes, a exigência de velocidade de resposta, a necessidade de melhorar a matriz de transporte nacional e a exigência de formação de especialistas evidenciam a logística empresarial no país.

O crescente volume de bens produzidos trouxe junto uma preocupação com o meio ambiente e tem despertado a consciência ecológica da população. A distribuição de produtos desenvolveu-se de forma rápida e eficaz, porém a preocupação por parte das organizações, quanto ao reaproveitamento desses produtos após o seu descarte não acompanhou esse desenvolvimento. Existem algumas raras exceções, como é o caso da reciclagem de embalagens de alumínio e sucatas de automóveis, que são praticadas algum tempo.
O aumento no uso de embalagens e descartáveis demonstra a despreocupação com processos de reciclagem, grande parte dos produtos que são consumidos e depois descartados, podem passar pelo processo de reciclagem. Eles podem ser reaproveitados por meio da reintegração ao processo produtivo. Dentro desse contexto surge a LOGÍSTICA REVERSA. De forma geral a logística reversa trata do retorno de produtos consumidos e/ou não utilizados, por meio de canais de distribuição. Assim como nos processos produtivos diretos, a logística reversa faz o planejamento, implementa e controla o fluxo inverso ao fluxo produtivo direto, procurando agregar valor a esses produtos, reintegrando-os ao processo produtivo e de negócios.
A organização que implementar o processo reverso em sua cadeia produtiva, agregará valor à sua imagem frente à sociedade, beneficiando o meio ambiente, estabelecendo inclusive novas oportunidades de negócios, trazendo também outros benefícios tais como a geração de postos de trabalho, revertendo assim em benefícios ao meio no qual está inserida.
A logística é responsável por planejar, implementar e gerenciar, de forma eficaz, o fluxo de matérias-prima, produtos e informações ao longo da cadeia. Ao contrário da logística direta, a logística reversa por enquanto não conta com uma estrutura suficiente para fazer fluir, de forma eficiente, todos os resíduos, embalagens, produtos, entre outros, gerados pela cadeia de distribuição direta.
A logística reversa é responsável por tornar possível o retorno de materiais e produtos, após sua venda e consumo, aos centros produtivos e de negócios, por meio dos canais reversos de distribuição agregando valor aos mesmos. A rapidez com que um produto é lançado no mercado, o rápido avanço da tecnologia, juntamente com um grande fluxo de informações; a alta competitividade das empresas e o crescimento da consciência ecológica quanto às conseqüências provocadas pelos produtos e seus descartes no meio ambiente, estão contribuindo para a adoção de novos comportamentos por parte das organizações e da sociedade de um modo geral, sinalizando assim para uma valorização maior dos processos de retorno de produtos e materiais descartados no meio ambiente.
Os canais reversos de alguns materiais tradicionais são bem conhecidos há alguns anos, como, por exemplo, o dos metais em geral, e eles representam importantes nichos de atividade econômica. Outro exemplo de canal de distribuição reverso é o processo de reciclagem de papel e de embalagens descartáveis, que constituem fonte de renda para muitos indivíduos e oportunidade de marketing social para muitas empresas através da rotulação “ecologicamente correta”. Os canais de distribuição reversos podem ser classificados em duas categorias, ou seja, pode ser de pós-consumo ou de pós-venda.
Bens de pós-consumo – são os produtos ou materiais constituintes cujo prazo de vida útil chegou ao fim, sendo assim considerados impróprios para o consumo primário, ou seja, não podem ser comercializados em canais tradicionais de vendas.
No entanto, não quer dizer que não possam ser reaproveitados. Isso é possível graças à adoção da logística reversa e de seus canais de distribuição reversos (CDRs). CDRs são as etapas envolvidas no retorno de produtos considerados bens de pós-consumo.
Bens de pós-venda – têm características que os diferem destes primeiros. São produtos que geralmente apresentam pouco uso, ou muitas vezes nem foram utilizados. Os bens de pós-consumo são produtos que já tiveram sua vida útil esgotada, ou então, já não têm mais serventia para o consumidor que fez a primeira aquisição. Esses produtos retornam por vários motivos, sejam eles comerciais, por erro no momento da emissão do pedido, garantia, defeitos de fabricação, de funcionamento ou até por danos causados no transporte.
Preocupação ambiental – A logística reversa está relacionada com a destinação de produtos e materiais já descartados pelo consumidor final, contribuindo portanto para a preservação do meio ambiente. Essa contribuição se dá pelo retorno de bens de pós-consumo ao ciclo produtivo, o que diminui o acúmulo de lixo industrial na natureza. Assim sendo, pode-se relacionar a logística reversa como uma importante ferramenta para a preservação ambiental. Essa prática deve-se em grande parte ao aumento de consciência ecológica do consumidor, que passa a dar preferência a produtos de empresas que demonstram preocupação com a preservação ecológica.
Objetivos econômicos – O gerenciamento do retorno dos bens e materiais dentro da cadeia é fator decisivo para a otimização do ganho financeiro sobre esses produtos. Haja vista ser esse um dos benefícios proporcionados pela logística reversa. Ganhos financeiros e logísticos são apenas um dos benefícios que a logística reversa é capaz de proporcionar. Some-se também os ganhos à imagem institucional da companhia por adotar uma postura ecologicamente correta, atraindo a atenção e preferência não só de clientes mas dos consumidores finais;
Diferencial competitivo – A utilização da logística reversa como forma de diferencial é importante para a empresa. A obtenção de vantagem competitiva é um dos principais fatores que levam as organizações a implementarem o processo reverso de distribuição.
Mudanças no comportamento de consumo das pessoas também têm contribuído para a incorporação da logística reversa por parte da empresas: Além do aumento da eficiência e da competitividade das empresas, a mudança na cultura de consumo por parte dos clientes também tem incentivado a logística reversa. Os consumidores estão exigindo um nível de serviço mais elevado das empresas e estas, como forma de diferenciação e fidelização dos clientes, estão investindo em logística reversa. Empresas que possuem um processo de logística reversa, bem gerido, tendem a se sobressair no mercado, uma vez que estas podem atender seus clientes de forma melhor e diferenciada de seus concorrentes.
Organizações que se anteciparem quanto à implementação da logística reversa em seus processos irá se destacar no mercado. Passará para a sociedade uma imagem de empresa corretamente ecológica, inovará na revalorização de seus produtos e irá explorar produtos e materiais de pós-venda e pós-consumo, agregando valor a estes.
Bibliografia:
BALLOU, Ronald H. LOGÍSTICA EMPRESARIAL: Transportes, administração e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993;
BARBOSA, Adriana; BENEDUZZI, Bruno; ZORZIN, Gislaine; MENQUIQUE, João e LOUREIRO, Maurício C. Logística reversa: o reverso da logística.
Prof. Geraldo Cesar Meneghello

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