Muitos profissionais ainda confundem o conceito de logística
com o de transportes.
Você também se pergunta porque alguns “especialistas” e
mídias confundem – ainda hoje – a abrangência da logística empresarial,
restringindo-a apenas às atividades de transporte? Por que isto acontece?
Com todo o respeito que a área de transportes merece, pois
temos muito clara a importância desta atividade na economia (todos sabemos que
sem os transportes o Brasil – e o mundo – param), nosso papel é de transmitir e
ampliar os conhecimentos da sociedade, esclarecendo dúvidas e polêmicas, e não
podemos permanecer indiferentes a esta falácia.
Desde sua concepção na aplicação militar, o escopo da
logística envolve todos os processos de abastecimento nos bastidores do
“teatro” das operações. Não é diferente na realidade empresarial. Portanto, é
fácil perceber que a mesma abrange tanto as atividades de suprimentos e de
distribuição, quanto os processos da logística interna, seja em uma indústria,
em um centro de distribuição ou no varejo (força motriz responsável pela
dinâmica das cadeias de abastecimento).
O alerta aqui é de que não podemos menosprezar a importância
da logística interna, por todo o mérito que esta também detém. Basta observar
que antes de embarcar uma mercadoria, qualquer empresa precisa processar
informações, desenvolver fornecedores, acionar compras, receber e verificar materiais,
embalar e movimentar produtos, estocando-os apropriadamente para preservar sua
integridade. É preciso, ainda, planejar e controlar estoques e produção,
movimentar e estocar mercadorias, otimizar layouts e fluxos de materiais e
pessoas, qualificar colaboradores e parceiros, medir e gerenciar custos,
avaliar e auditar a qualidade, entre outros.
Todas essas atividades estão inclusas na logística
empresarial, aliás, nos transportes também. E todos esses processos têm uma
importância vital para o negócio, implicando sua viabilidade econômica e em
vantagens competitivas.
Sem a gestão de suprimentos, também designada de logística
inbound, deixaríamos de prover os materiais requeridos à operação da empresa.
Os processos da logística interna, por sua vez, são os responsáveis pela
movimentação e armazenagem dos materiais (MAM) dentro da empresa. Sem essas
atividades, não haveria o fluxo e, portanto, as transformações que agregam
valor aos produtos. Onde a logística interna está comprometida, os custos podem
até inviabilizar processos produtivos, deteriorando uma vantagem competitiva
conquistada nos demais processos. Por fim, naturalmente, sem a distribuição
física ou logística outbound, os produtos não seriam encaminhados para onde
está a demanda, e assim a comercialização não seria concretizada.
Concluindo, podemos afirmar que sem uma logística integrada,
interna e externamente, os fluxos seriam interrompidos, ocasionando rupturas no
atendimento das demandas. A duras penas, aprendemos que é preciso sincronizar e
harmonizar com sabedoria todos os elementos que compõem a logística.
Onde haja oportunidade, temos procurado comunicar esta
mensagem há muito tempo, mas aparentemente ainda não alcançamos todos os
envolvidos, como demonstra o freqüente engano que atrela o termo logística
apenas às atividades de transportes. Falta conhecimento ou então a causa do
problema é outra: talvez alguns prefiram continuar surdos, cegos e mudos,
distorcendo a realidade devido a algum interesse oculto, mas aí já seria outra
história, não é mesmo?