Sonho de Eike Batista, projeto desenvolvido pela EX-LLX
e que custou mais de R$ 3,9 bi será inaugurado - mas só 10% da área está
ocupada.
Considerado por muitos um sonho megalomaníaco do
empresário Eike Batista, o Porto do Açu é um projeto que
impressiona. Sete
anos e R$ 3,9 bilhões depois do início da obra pela antiga LLX, hoje Prumo
Logística, a infraestrutura portuária básica do porto em São João da Barra,
norte fluminense, recebe os últimos reparos até abril. Os dois terminais foram
inaugurados no fim de 2014, com o primeiro embarque de minério e a primeira
operação comercial.
Apesar do avanço, transformar a área de 90 quilômetros quadrados - maior que a ilha de Manhattan, em Nova York - em complexo industrial ainda é um desafio. Há duas semanas, quando o jornal O Estado de S. Paulo visitou o local, caminhões faziam fila para transportar pedras usadas no revestimento do canal do porto. Os últimos blocos gigantes de concreto feitos pelas espanholas Acciona e FCC - de um total de 89 - estavam sendo assentados no fundo do mar.
A americana Edison Chouest, do segmento marítimo, cravava as primeiras estacas para a construção de sua base de apoio no Terminal 2, que abriga empresas da cadeia de óleo e gás. A área molhada do Terminal Multicargas está pronta. A Prumo busca contratos para movimentar ali contêineres e cargas de bauxita e coque a partir do terceiro trimestre. Seis mil pessoas, segundo a Prumo, trabalham nas obras do Porto ou de algumas das nove empresas instaladas no local. Juntas, considerando o aporte da própria Prumo, elas já investiram R$ 6,2 bilhões no complexo.
E ainda há muito o que fazer, porque só 10% do Açu estão ocupados. Atrair investimentos tornou-se uma missão ainda mais difícil com a economia em marcha lenta, a crise do petróleo e da Petrobrás. O cenário pode dificultar os planos da EIG Global Energy Partners, dona do Açu desde 2013, para o projeto. Em entrevista ao jornal O Estado, depois de comprar o ativo de Eike Batista, o presidente da companhia americana, Blair Thomas, disse que o porto era a joia da coroa do grupo X, graças à localização privilegiada: "O Açu será o 'hub' logístico para o desenvolvimento do pré-sal".
Estratégico
O executivo evita mostrar apreensão com o futuro do porto que, em suas palavras, é parte da solução da crise da Petrobrás. O Açu fica a 128 km da Bacia de Campos, mais perto que Macaé (190 km) e Niterói (230 km). Com uma base ali, a estatal pode reduzir custos com diesel e barcos de apoio.
Parente admite, porém, a importância de atrair novas empresas o quanto antes. Uma vez por semana ele leva potenciais investidores ao Açu. Ter mais contratos facilitaria a negociação para alongar a dívida com o BNDES. São R$ 2,8 bilhões aprovados, dos quais a Prumo ainda pode receber R$ 500 milhões.
Apesar do cenário, a ordem é terminar até abril a dragagem e a construção do quebra-mar dos terminais 1 e 2. No primeiro, funciona o mineroduto da Anglo e cinco navios já atracaram. No segundo, operam as fornecedoras do setor de petróleo Technip, NOV e Intermoor. Além delas, a finlandesa Wärtsila e a Edison Chouest pretendem iniciar operações neste semestre. Marca Ambiental e Vallourec também já alugaram áreas no local.
A
ideia original de transformar o Açu em um complexo industrial diversificado
está mantida, mas é projeto para 20 anos. Na entrada do porto, placas da antiga
LLX indicam onde ficaria o polo metalomecânico. No projeto de Eike, o Açu teria
as siderúrgicas Wisco e Ternium, que não vingaram. A térmica da Eneva (ex-MPX)
ficou para trás com as dificuldades financeiras da empresa. A chinesa JAC
Motors acabou indo para a Bahia, mas atrair uma montadora continua no radar.
A Prumo conversa com elétricas que entrarão no leilão A-5 este ano e com incorporadoras. O objetivo é construir um condomínio no entorno do porto, com shopping, hotel e um prédio comercial.
Entre
os nós que a Prumo precisa desatar está ainda a melhora do acesso logístico ao
porto, hoje restrito a caminhões que chegam pela BR-101 e outras três rodovias.
A empresa tem um terminal multicargas prestes a entrar em operação e negocia
criar um terminal destinado ao embarque de soja. O acesso ferroviário ao Açu
daria maior eficiência e rentabilidade aos terminais.
Por Época Negócios, com informações do jornal O Estado de S. Paulo.
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