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26 de dezembro de 2016

LOGÍSTICA E TRANSPORTES - MODAIS DE TRANSPORTE NO BRASIL

Este artigo é resultado de pesquisa realizada sobre “Logística e transportes”, visando definir, caracterizar e classificar os modais de transporte de carga estabelecendo a comparação entre eles, afim de enriquecer a discussão acerca do tema.

Introdução

Para entender os pontos abordados, faz-se necessária a compreensão de logística e transporte. Entende-se por logística a gestão de atividades voltadas para o planejamento da armazenagem, circulação e distribuição de produtos. Transporte é o movimento de mercadorias entre locais. O campo do transporte apresenta diversas características a nível de infraestrutura, veículos e operações comerciais.

O transporte é considerado um dos elementos mais importantes para a maioria das empresas pois possui papel fundamental na prestação de serviço ao cliente. Através do barateamento dos meios de transporte e a intensa comunicação entre países, intensificou-se a relação comercial e aumentou a importância da logística para o sucesso comercial. Desta forma, a logística vem apresentando uma evolução continuada, sendo atualmente um dos principais elementos na estratégia competitiva nas empresas.


1. Classificação dos modais de transporte

1.1 Ferroviário

No Brasil, o transporte ferroviário é utilizado principalmente para o deslocamento de grandes cargas de produtos homogêneos e para distâncias relativamente longas. Como exemplo de tais produtos estão os minérios de ferro, de manganês, carvões minerais, derivados de petróleo e cereais em grão, que são transportados a granel.  No entanto, em países como a Europa, a ferrovia cobre um aspecto muito mais amplo de fluxos.

Segundo Ballou (1993, p.127) existem duas formas de serviço ferroviário, o transportador regular e o privado. Um transportador regular presta serviços para qualquer usuário, sendo regulamentado em termos econômicos e de segurança pelo governo. Já o transportador privado pertence a um usuário particular, que o utiliza em exclusividade.

Em relação aos custos, o meio ferroviário apresenta altos custos fixos em equipamentos, terminais e vias férreas entre outros. Porém, seu custo variável é baixo. Embora o custo deste transporte seja inferior ao rodoviário, ele ainda não é amplamente utilizado no Brasil. Isto se deve a problemas de infraestrutura e a falta de investimentos nas ferrovias.

1.2 Rodoviário

É o mais expressivo transporte de cargas no Brasil, atinge praticamente todos os pontos do território nacional, pois desde 1950 com a implantação da indústria automobilística e a pavimentação das rodovias, esse modo se expandiu de tal forma que hoje é o mais explorado. Diferentemente do ferroviário, se destina principalmente ao transporte de curtas distâncias e de produtos acabados ou semiacabados.

Por via de regra, apresenta preços de frete mais elevados do que os modais ferroviário e hidroviário, portanto é recomendado para mercadorias de alto valor ou perecíveis. O aumento dos combustíveis e pedágios também reflete diretamente nos custos de frete deste meio de transporte. Não é recomendado para produtos agrícolas a granel, cujo custo é muito baixo para este modal. Em relação aos serviços, além da distinção entre transportadoras regulares e frota privada, existem também transportadores contratados.

Quando os clientes desejam obter um serviço mais adequado as suas necessidades, isentando-se de problemas administrativos associados a frota própria, estes se utilizam de transportadores contratados. Os transportadores contratados são utilizados por um número limitado de usuários em contratos de longa duração. O transporte rodoviário apresenta custos fixos baixos, porém seu custo variável (combustível, manutenção, etc.) é médio.

As vantagens deste modal estão na possibilidade de transporte integrado porta a porta e a adequação do fator tempo, assim como frequência e disponibilidade dos serviços. Apresenta como desvantagem a possibilidade de transportar somente pequenas cargas.

1.3 Hidroviário

O transporte hidroviário é utilizado para o transporte de granéis líquidos, produtos químicos, areia, carvão, cereais e bens de alto valor em contêineres. Este tipo de transporte pode ser dividido em três principais formas de navegação, são elas:

·         A cabotagem que é navegação realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou entre esta e as vias navegáveis interiores próximas da costa.
·         A navegação interior que é realizada em hidrovias interiores, em percurso nacional ou internacional.
·         A navegação de longo curso, realizada entre portos brasileiros e estrangeiros.

Em relação aos custos, o transporte hidroviário apresenta custo fixo médio (custo com os navios e equipamentos) e custo variável baixo (capacidade para transportar grande quantidade de tonelagem). É o transporte que apresenta o mais baixo custo. Ele apresenta como vantagens a capacidade de transportar mercadoria volumosa e pesada e o fato dos custos de perdas e danos serem considerados baixos comparados com outros modais. Suas principais desvantagens são os problemas de transporte no porto; a lentidão, uma vez que o transporte hidroviário é, em média, mais lento que o ferroviário e a forte influência do tempo. Sua disponibilidade e confiabilidade são afetadas pelas condições meteorológicas.

1.4 Aeroviário

O transporte aeroviário tem tido uma demanda crescente de usuários, embora o seu frete seja significativamente muito mais elevado. Em compensação, seu deslocamento porta a porta pode ser bastante reduzido, abrindo um caminho para esta modalidade, principalmente no transporte de grandes distâncias.

Este tipo de transporte é utilizado principalmente nos transportes de cargas de alto valor unitário (artigos eletrônicos, relógios, alta moda, etc) e perecíveis (frutas nobres, medicamentos, etc). Como exemplos deste meio de transporte estão os aviões dedicados e aviões de linha.

Segundo Ballou (1993, p.129), no modo aéreo existem os serviços regulares, contratuais e próprios. O serviço aéreo é oferecido em algum dos sete tipos: linhas-tronco domésticas regulares, cargueiras (somente cargas), locais (principais rotas e centros menos populosos, passageiros e cargas), suplementares (charters, não tem programação regular), regionais (preenchem rotas abandonadas pelas domésticas, aviões menores), táxi aéreo (cargas e passageiros entre centros da cidade e grandes aeroportos) e internacionais (cargas e passageiros). O transporte aeroviário é o que tem custo mais elevado em relação aos outros modais. Seu custo fixo é alto (aeronaves, manuseio e sistemas de carga), bem como seu custo variável, apresenta alto custo de combustível, mão-de-obra, manutenção, etc.

As vantagens deste modo de transporte são a velocidade, pois é muito ágil, distância alcançada, segurança e redução de custo com estoque. Suas principais desvantagens são o custo de frete, tempos de coleta e entrega, manuseio no solo e dimensões físicas dos porões de transporte dos aviões.

2. Multimodalidade e Intermodalidade

A multimodalidade pode ser definida como a integração entre modais, com o uso de vários equipamentos, como containers.  Já a intermodalidade caracteriza-se pela integração da cadeia de transporte, com o uso de um mesmo container, um único prestador de serviço e documento único. No Brasil utiliza-se a multimodalidade.

De acordo Fleury (2000, p.145), uma das principais barreiras ao conceito da intermodalidade no Brasil diz respeito a sua regulamentação da prática do Operador de Transporte Multimodal (OTM). Com a implantação de um documento único de transporte, alguns estados argumentam que seriam prejudicados na arrecadação do ICMS.

A integração entre modais pode ocorrer entre vários modais: aéreo-rodoviário, ferroviário-rodoviário, aquário-ferroviário, aquário-rodoviário ou ainda mais de dois modais. A utilização de mais de um modal agrega vantagens a cada modal, caracterizados pelo nível de serviço e custo. Combinados, permitem uma entrega porta a porta a um menor custo e um tempo relativamente menor, buscando equilíbrio entre preço e serviço.

Atualmente, uma das principais barreiras para o desenvolvimento da logística no Brasil está relacionado com as enormes deficiências encontradas na infraestrutura de transportes e comunicação.

2.1 Comparativo entre modais

Sabe-se que ao longo do desenvolvimento da humanidade o transporte de mercadorias tem sido utilizado para disponibilizar diversos produtos onde as necessidades existem, facilitando a vidas das pessoas e propiciando maior conforto a sociedade. Este serviço desenvolveu-se sendo necessário adequar-se às diversas exigências do mercado e passou a ter o prazo de entrega e os custos do transporte como fatores considerados de maior importância para o tomador dos serviços.

O transporte é considerado instrumento fundamental para que seja atingido o objetivo logístico, que é o produto certo, na quantidade certa, na hora certa, no lugar certo ao menor custo possível.  Para se escolher o transporte certo para o produto que se deseja entregar, deve-se observar as características operacionais relativas a eles.

De acordo com Fleury (2000, p.130), em relação aos modais, há cinco pontos importantes para se classificar o melhor transporte: velocidade, disponibilidade, confiabilidade, capacidade e frequência:

·         A velocidade é o tempo decorrido da rota, e a melhor opção para agilidade é o transporte aéreo seguido do rodoviário. A disponibilidade é a capacidade de atender as entregas, sendo melhor representado pelo transporte rodoviário, que permite o serviço porta a porta.
·         A confiabilidade trata-se da habilidade de entregar no tempo necessário em condições satisfatórias, sendo novamente o rodoviário o transporte de destaque para este quesito.
·         Quanto à capacidade, é a possibilidade de lidar com qualquer requisito de transporte, como tamanho e tipos de carga, onde o hidroviário é o mais indicado.
·         Por último, a frequência, ela é caracterizada pela quantidade de movimentações programadas, e novamente o que se destaca é o rodoviário.

Considerações finais

Os transportes são parte importante para qualquer empresa, por isso, estão interligados com os demais, para realizar as atividades de escoamento e auxiliar na distribuição dos produtos. Como representam grande parte dos custos das empresas, precisam ser estudados com cautela, seus parâmetros devem ser observados para que as organizações não percam seu lucro no fim da cadeia. Isto é algo que na prática ocorre com frequência, pois parâmetros como peso, fragilidade, dimensão e compatibilidade não são observados e levam a excesso de manuseio, avarias no produto e consequente perda de vendas.

A terceirização das atividades de transportes seja com prestadores de serviços ou operadores logísticos deverá também ser estudada, pois com o aumento das atividades logísticas e sua complexidade crescente devido à competitividade, a empresa terá um número maior de opções de ofertantes deste serviço e precisará estudar a melhor opção para suas atividades e recursos. Caso a empresa possua sua frota própria, ela pode optar pelos operadores baseados em informação, caso contrário, ela não possua essa estrutura deverá optar por operadores baseados em ativos, que ofertarão o serviço e os ativos operacionais necessários.

De acordo com o produto, cliente, prazo, recursos financeiros, a empresa terá que escolher entre as opções de modais, respeitando especificidades de cada um. Ela poderá também integrar estes modais através da Intermodalidade e a Multimodalidade, que são estratégias para a conquista dos objetivos de melhoria das atividades logísticas e de transporte. A infraestrutura oferecida pelos setores público e privado também condicionam o uso dos modais, facilitando ou não sua integração, assim como a legislação e os investimentos para as vias de acesso e escoamento de produção.

Percebe-se que o tema logística e transportes, juntos com a discussão de intermodalidade e multimodalidade formam uma área de conhecimento que promove muitas pesquisas e consultorias. Isso ocorre porque uma empresa não alcança o mercado se não tiver uma logística planejada com um nível de serviço adequado às necessidades do cliente.

Referências Bibliográficas

BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial - Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993.
FLEURY, P.F., FIGUEIREDO, K., WANKE, P. (org.). Logística Empresarial: A Perspectivas Brasileira. Coleção COPPEAD de Administração. São Paulo: Atlas, 2000.

Fonte

Este artigo foi apresentado pelos alunos do 8º semestre do curso de Administração de Empresas do Centro Universitário Eurípedes de Marília - UNIVEM, em novembro de 2016.

Autores

> Janaína Bensdorp
> Vitor Ortolan