Este artigo é resultado
de pesquisa realizada sobre “Logística e transportes”, visando definir,
caracterizar e classificar os modais de transporte de carga estabelecendo a
comparação entre eles, afim de enriquecer a discussão acerca do tema.
Introdução
Para entender os
pontos abordados, faz-se necessária a compreensão de logística e transporte. Entende-se
por logística a gestão de atividades voltadas para o planejamento da
armazenagem, circulação e distribuição de produtos. Transporte é o movimento
de mercadorias entre locais. O campo do transporte apresenta diversas
características a nível de infraestrutura, veículos e operações
comerciais.
O transporte é
considerado um dos elementos mais importantes para a maioria das empresas pois
possui papel fundamental na prestação de serviço ao cliente. Através do
barateamento dos meios de transporte e a intensa comunicação entre países,
intensificou-se a relação comercial e aumentou a importância da logística para
o sucesso comercial. Desta forma, a logística vem apresentando uma evolução
continuada, sendo atualmente um dos principais elementos na estratégia
competitiva nas empresas.
1. Classificação dos modais de transporte
1.1 Ferroviário
No Brasil, o
transporte ferroviário é utilizado principalmente para o deslocamento de
grandes cargas de produtos homogêneos e para distâncias relativamente longas.
Como exemplo de tais produtos estão os minérios de ferro, de manganês, carvões
minerais, derivados de petróleo e cereais em grão, que são transportados a
granel. No entanto, em países como a
Europa, a ferrovia cobre um aspecto muito mais amplo de fluxos.
Segundo Ballou
(1993, p.127) existem duas formas de serviço ferroviário, o transportador
regular e o privado. Um transportador regular presta serviços para qualquer
usuário, sendo regulamentado em termos econômicos e de segurança pelo governo.
Já o transportador privado pertence a um usuário particular, que o utiliza em
exclusividade.
Em relação aos
custos, o meio ferroviário apresenta altos custos fixos em equipamentos,
terminais e vias férreas entre outros. Porém, seu custo variável é baixo. Embora
o custo deste transporte seja inferior ao rodoviário, ele ainda não é
amplamente utilizado no Brasil. Isto se deve a problemas de infraestrutura e a
falta de investimentos nas ferrovias.
1.2 Rodoviário
É o mais expressivo
transporte de cargas no Brasil, atinge praticamente todos os pontos do
território nacional, pois desde 1950 com a implantação da indústria
automobilística e a pavimentação das rodovias, esse modo se expandiu de tal
forma que hoje é o mais explorado. Diferentemente do ferroviário, se destina
principalmente ao transporte de curtas distâncias e de produtos acabados ou semiacabados.
Por via de regra,
apresenta preços de frete mais elevados do que os modais ferroviário e
hidroviário, portanto é recomendado para mercadorias de alto valor ou
perecíveis. O aumento dos combustíveis e pedágios também reflete diretamente
nos custos de frete deste meio de transporte. Não é recomendado para produtos
agrícolas a granel, cujo custo é muito baixo para este modal. Em relação aos
serviços, além da distinção entre transportadoras regulares e frota privada,
existem também transportadores contratados.
Quando os clientes
desejam obter um serviço mais adequado as suas necessidades, isentando-se de problemas
administrativos associados a frota própria, estes se utilizam de
transportadores contratados. Os transportadores contratados são utilizados por
um número limitado de usuários em contratos de longa duração. O transporte
rodoviário apresenta custos fixos baixos, porém seu custo variável
(combustível, manutenção, etc.) é médio.
As vantagens deste
modal estão na possibilidade de transporte integrado porta a porta e a
adequação do fator tempo, assim como frequência e disponibilidade dos serviços.
Apresenta como desvantagem a possibilidade de transportar somente pequenas
cargas.
1.3 Hidroviário
O transporte
hidroviário é utilizado para o transporte de granéis líquidos, produtos
químicos, areia, carvão, cereais e bens de alto valor em contêineres. Este tipo
de transporte pode ser dividido em três principais formas de navegação, são
elas:
·
A cabotagem que é navegação realizada entre portos ou
pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou entre esta e as
vias navegáveis interiores próximas da costa.
·
A navegação interior que é realizada em hidrovias
interiores, em percurso nacional ou internacional.
·
A navegação de longo curso, realizada entre portos
brasileiros e estrangeiros.
Em relação aos
custos, o transporte hidroviário apresenta custo fixo médio (custo com os navios
e equipamentos) e custo variável baixo (capacidade para transportar grande
quantidade de tonelagem). É o transporte que apresenta o mais baixo custo. Ele
apresenta como vantagens a capacidade de transportar mercadoria volumosa e
pesada e o fato dos custos de perdas e danos serem considerados baixos
comparados com outros modais. Suas principais desvantagens são os problemas de
transporte no porto; a lentidão, uma vez que o transporte hidroviário é, em
média, mais lento que o ferroviário e a forte influência do tempo. Sua
disponibilidade e confiabilidade são afetadas pelas condições meteorológicas.
1.4 Aeroviário
O transporte
aeroviário tem tido uma demanda crescente de usuários, embora o seu frete seja
significativamente muito mais elevado. Em compensação, seu deslocamento porta a
porta pode ser bastante reduzido, abrindo um caminho para esta modalidade,
principalmente no transporte de grandes distâncias.
Este tipo de
transporte é utilizado principalmente nos transportes de cargas de alto valor
unitário (artigos eletrônicos, relógios, alta moda, etc) e perecíveis (frutas
nobres, medicamentos, etc). Como exemplos deste meio de transporte estão os
aviões dedicados e aviões de linha.
Segundo Ballou
(1993, p.129), no modo aéreo existem os serviços regulares, contratuais e
próprios. O serviço aéreo é oferecido em algum dos sete tipos: linhas-tronco
domésticas regulares, cargueiras (somente cargas), locais (principais rotas e
centros menos populosos, passageiros e cargas), suplementares (charters, não
tem programação regular), regionais (preenchem rotas abandonadas pelas
domésticas, aviões menores), táxi aéreo (cargas e passageiros entre centros da
cidade e grandes aeroportos) e internacionais (cargas e passageiros). O
transporte aeroviário é o que tem custo mais elevado em relação aos outros
modais. Seu custo fixo é alto (aeronaves, manuseio e sistemas de carga), bem
como seu custo variável, apresenta alto custo de combustível, mão-de-obra,
manutenção, etc.
As vantagens deste
modo de transporte são a velocidade, pois é muito ágil, distância alcançada,
segurança e redução de custo com estoque. Suas principais desvantagens são o
custo de frete, tempos de coleta e entrega, manuseio no solo e dimensões
físicas dos porões de transporte dos aviões.
2. Multimodalidade e Intermodalidade
A multimodalidade
pode ser definida como a integração entre modais, com o uso de vários equipamentos,
como containers. Já a intermodalidade
caracteriza-se pela integração da cadeia de transporte, com o uso de um mesmo
container, um único prestador de serviço e documento único. No Brasil
utiliza-se a multimodalidade.
De acordo Fleury
(2000, p.145), uma das principais barreiras ao conceito da intermodalidade no
Brasil diz respeito a sua regulamentação da prática do Operador de Transporte
Multimodal (OTM). Com a implantação de um documento único de transporte, alguns
estados argumentam que seriam prejudicados na arrecadação do ICMS.
A integração entre
modais pode ocorrer entre vários modais: aéreo-rodoviário,
ferroviário-rodoviário, aquário-ferroviário, aquário-rodoviário ou ainda mais
de dois modais. A utilização de mais de um modal agrega vantagens a cada modal,
caracterizados pelo nível de serviço e custo. Combinados, permitem uma entrega
porta a porta a um menor custo e um tempo relativamente menor, buscando
equilíbrio entre preço e serviço.
Atualmente, uma das principais barreiras para o desenvolvimento da
logística no Brasil está relacionado com as enormes deficiências encontradas na
infraestrutura de transportes e comunicação.
2.1 Comparativo entre modais
Sabe-se que ao longo
do desenvolvimento da humanidade o transporte de mercadorias tem sido utilizado
para disponibilizar diversos produtos onde as necessidades existem, facilitando
a vidas das pessoas e propiciando maior conforto a sociedade. Este serviço
desenvolveu-se sendo necessário adequar-se às diversas exigências do mercado e
passou a ter o prazo de entrega e os custos do transporte como fatores
considerados de maior importância para o tomador dos serviços.
O transporte é
considerado instrumento fundamental para que seja atingido o objetivo
logístico, que é o produto certo, na quantidade certa, na hora certa,
no lugar certo ao menor custo possível. Para se escolher o
transporte certo para o produto que se deseja entregar, deve-se observar as
características operacionais relativas a eles.
De acordo com Fleury
(2000, p.130), em relação aos modais, há cinco pontos importantes para se
classificar o melhor transporte: velocidade, disponibilidade, confiabilidade,
capacidade e frequência:
·
A velocidade é o tempo decorrido da rota, e a melhor
opção para agilidade é o transporte aéreo seguido do rodoviário. A
disponibilidade é a capacidade de atender as entregas, sendo melhor
representado pelo transporte rodoviário, que permite o serviço porta a porta.
·
A confiabilidade trata-se da habilidade de entregar no
tempo necessário em condições satisfatórias, sendo novamente o rodoviário o
transporte de destaque para este quesito.
·
Quanto à capacidade, é a possibilidade de lidar com
qualquer requisito de transporte, como tamanho e tipos de carga, onde o
hidroviário é o mais indicado.
·
Por último, a frequência, ela é caracterizada pela
quantidade de movimentações programadas, e novamente o que se destaca é o
rodoviário.
Considerações
finais
Os transportes são
parte importante para qualquer empresa, por isso, estão interligados com os
demais, para realizar as atividades de escoamento e auxiliar na distribuição
dos produtos. Como representam grande parte dos custos das empresas, precisam ser
estudados com cautela, seus parâmetros devem ser observados para que as
organizações não percam seu lucro no fim da cadeia. Isto é algo que na prática
ocorre com frequência, pois parâmetros como peso, fragilidade, dimensão e
compatibilidade não são observados e levam a excesso de manuseio, avarias no
produto e consequente perda de vendas.
A terceirização das
atividades de transportes seja com prestadores de serviços ou operadores
logísticos deverá também ser estudada, pois com o aumento das atividades logísticas
e sua complexidade crescente devido à competitividade, a empresa terá um número
maior de opções de ofertantes deste serviço e precisará estudar a melhor opção
para suas atividades e recursos. Caso a empresa possua sua frota própria, ela
pode optar pelos operadores baseados em informação, caso contrário, ela não
possua essa estrutura deverá optar por operadores baseados em ativos, que
ofertarão o serviço e os ativos operacionais necessários.
De acordo com o
produto, cliente, prazo, recursos financeiros, a empresa terá que escolher
entre as opções de modais, respeitando especificidades de cada um. Ela poderá
também integrar estes modais através da Intermodalidade e a Multimodalidade,
que são estratégias para a conquista dos objetivos de melhoria das atividades
logísticas e de transporte. A infraestrutura oferecida pelos setores público e
privado também condicionam o uso dos modais, facilitando ou não sua integração,
assim como a legislação e os investimentos para as vias de acesso e escoamento
de produção.
Percebe-se que o tema
logística e transportes, juntos com a discussão de intermodalidade e
multimodalidade formam uma área de conhecimento que promove muitas pesquisas e
consultorias. Isso ocorre porque uma empresa não alcança o mercado se não tiver
uma logística planejada com um nível de serviço adequado às necessidades do
cliente.
Referências
Bibliográficas
BALLOU, Ronald H.
Logística Empresarial - Transportes, Administração de Materiais e Distribuição
Física. São Paulo: Atlas, 1993.
FLEURY, P.F.,
FIGUEIREDO, K., WANKE, P. (org.). Logística Empresarial: A Perspectivas
Brasileira. Coleção COPPEAD de Administração. São Paulo: Atlas, 2000.
Fonte
Este artigo foi
apresentado pelos alunos do 8º semestre do curso de Administração de Empresas
do Centro Universitário Eurípedes de Marília - UNIVEM, em novembro de 2016.
Autores
> Janaína
Bensdorp
> Vitor
Ortolan
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