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14 de janeiro de 2015

ÉTICA: VALORES ESSENCIAIS A UM GERENTE DE PROJETOS

O conflito de interesses é um caso interessante de análise em gestão de projetos. Os profissionais que participam da equipe formada para este fim, têm acesso a uma série de informações privilegiadas que podem ser usada para influenciar outras decisões ou pessoas da própria empresa ou até mesmo fora dela. 

Os gestores de projeto devem ter absoluto controle sobre esse ponto, uma vez que trabalham para outras áreas da empresa, colocar interesses pessoais a frente de sua obrigação é sem dúvida uma questão ética e que, infelizmente, tem se tornado comum no dia a dia das empresas.

No seu próximo projeto inclua a gestão de ética no portfólio de gestão de projetos, pense nisso!

Boa Leitura

Prof. Geraldo Cesar Meneghello


ÉTICA: VALORES ESSENCIAIS A UM GERENTE DE PROJETOS

Vivemos um período de eleições. Notícias e escândalos sempre vem à tona em uma época em que, na minha visão pessoal, o mais importante seria exaltar as qualidades e valores de cada candidato, assim como seu plano de governo. O Brasil não é um país onde a ética seja seguida ou discutida com exatidão, pois há barreiras culturais enraizadas tão profundamente que fica difícil identificar as atitudes não éticas. Tendo isso em vista, faço duas perguntas:

Como Gerente de Projetos, quais são os seus valores?

Você é um Gerente de Projetos ético?

O dicionário Michaelis define “Ética” como um “Conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão”. O PMP - Project Management Professional, talvez a instituição de maior prestígio atualmente em gerenciamento de projetos, define os principais valores em seu Código de Ética e Conduta Profissional: Responsabilidade, Respeito, Equidade e Honestidade.


Responsabilidade é ter ciência e responder por suas decisões. Saber do que somos capazes e sermos idôneos quanto às nossas habilidades. Um Gerente de Projetos deve ter habilidades suficientes para gerir qualquer tipo de projeto, mas um Gerente de Projetos de TI saberia atuar num projeto de pesquisa de medicamentos? Talvez. Cabe ao profissional saber suas limitações e ser idôneo quanto a elas. Proteger informações sigilosas, cumprir compromissos que foram assumidos, não participar de ações ou procedimentos ilegais também fazem parte da nossa responsabilidade.

Respeito é o nosso dever de demonstrar uma elevada consideração por nós mesmos, por outras pessoas e pelos recursos confiados a nós, sendo esses recursos: humanos, financeiros ou de qualquer outro tipo. Agir de forma profissional com todos, entender o ponto de vista dos stakeholders e resolver conflitos diretamente com as partes envolvidas neles, também são questões de respeito. Agir em desacordo com a cultura dos envolvidos em um projeto também pode ser considerado desrespeito, mesmo que em outras culturas essa ação não seja vista como tal. Chamar um Indiano Hindu para uma churrascaria para comemorar o sucesso de uma entrega, por exemplo, não seria de bom tom.

Equidade é o nosso dever de tomar decisões e agir de forma imparcial e objetiva. Equidade é manter a nossa neutralidade nas questões, sempre mantendo um senso de justiça, agindo sem favoritismos, nepotismo ou discriminação. É também tomar decisões levando em conta os interesses de todas as partes interessadas, sabendo dosar com imparcialidade e objetividade e chegar a um denominador comum. Evitar conflitos de interesses, fiscalizar para que não ocorram e, caso existam, ser proativo e ajudar a resolvê-los também são questões éticas. Prover de forma clara e objetiva as informações sobre o projeto a todos que tem autorização para essas informações, inclusive durante contratações, não favorecendo nenhum dos concorrentes durante um processo de licitação também são regidas por esse princípio.

Honestidade é o nosso dever com verdade e com agir de maneira verdadeira tanto em nossas comunicações como em nossa conduta. Informar as partes interessadas sobre os detalhes do projeto de maneira clara e objetiva, com números reais e métricas confiáveis. Aos olhos de muitos, dizer que um projeto está atrasado poderia ser um “tiro no pé”, mas o nosso dever quanto à ética é o de informar as partes interessadas sobre o atraso, assim como as ações corretivas que serão tomadas, junto com um novo prazo correto e coerente, dando insumos suficientes para as decisões que necessitam da aprovação do conjunto. Qualquer comportamento, declaração ou informação (falsa, incorreta ou incompleta) que tenha como objetivo enganar outras pessoas está em desacordo com a honestidade.

Em muitos aspectos esses valores se confundem e em muitas questões não saberemos a quais deles estaremos nos sujeitando, mas o que importa é que temos uma base a seguir, na qual podemos confiar e formar nosso caráter como profissionais e pessoas. Não se deixe levar pelo chamado “jeitinho brasileiro” ou “mas todo mundo faz assim”. É possível participar de projetos bem sucedidos sem artifícios ou maquiagem, de maneira ética e correta.


Por Emmanuel Carvalho


13 de janeiro de 2015

PSICOPATAS DE GRAVATA

Cuidado, um deles pode estar trabalhando com você!

Estima-se que existam 69 milhões de psicopatas no mundo. Nem todos eles estão nos seriados de TV, em instituições de saúde ou escondidos em suas casas. Alguns podem estar no seu escritório, dando ordens, ouvindo suas histórias pessoais ou espalhando boatos para os colegas durante a happy hour da firma. No trabalho, psicopatas são atraídos por dinheiro e poder, manipulam pessoas, causam medo, perseguem e prejudicam quem está ao seu redor.

Segundo o psicólogo nova-iorquino Paul Babiak, coautor do livro Snakes in Suits: When Psychopaths Go to Work (em português, "Cobras de terno: quando psicopatas vão ao trabalho"), inédito no Brasil, é quatro vezes mais comum encontrar psicopatas em ambientes corporativos do que na população em geral. Embora Hollywood associe o psicopata ao assassino, o comportamento das pessoas com esse distúrbio vai muito além de perfis dispostos à matança.

Com charme maquiavélico, eles manipulam os subordinados, os levam a cometer atos antiéticos e são capazes de chantagear sem culpa. "Quando você conhece um, quase gosta dele", diz Paul. "O psicopata consegue criar uma persona que reflete exatamente as coisas nas quais você acredita." Muitas vezes confundidos com líderes natos por aparentar motivação, capacidade de assumir riscos e esconder habilidosamente suas fraquezas, os psicopatas são hábeis em galgar aos mais altos cargos. "No fundo, tudo o que querem é obter poder e dinheiro à custa da empresa, não se importando realmente com o avanço dela nem com seus colegas", diz Paul.

Segundo John, o psicopata acha as posições executivas atraentes, pois elas lhe permitem exercer um elevado nível de poder sobre outras pessoas. Suas vítimas alegam sentir o controle de suas vidas, ter ataques de pânico, depressão, raiva, impotência, vergonha, entre outros sintomas que culminam na falta de confiança nelas mesmas, nos colegas e na própria empresa. Confira a seguir as dicas dos especialistas para identificar e aprender a se esquivar o quanto antes da mira desse tipo de manipulador.

O que faz um psicopata no trabalho?

A primeira característica do psicopata é a falta de consciência, o que o leva a cometer uma série de atos, como:

Ø  humilhar uma pessoa em público ou ser agressivo com ela;
Ø  implicar com a pessoa, ridicularizar o trabalho dela, ou qualquer tipo de tortura psicológica;
Ø  espalhar mentiras maliciosamente a respeito de um profissional para prejudicar sua reputação ou incentivar pessoas a fazer o mesmo;
Ø  mudar rapidamente de comportamento para manipular as pessoas ou causar elevados níveis de medo;
Ø  encorajar colegas de trabalho a atormentar, perseguir, molestar e humilhar uma vítima;
Ø  tratar pessoas de forma desigual, prejudicando subordinados e bajulando chefes e superiores;
Ø  pedir o cumprimento de tarefas inatingíveis a alguém ou invadir a privacidade dos outros, lendo seus e-mails, arquivos e correspondências para utilizar as informações no futuro como chantagem.

O que fazer se o meu chefe é um psicopata?

"É importante garantir que a direção da empresa o conheça", diz John. Anote todas as atitudes ruins que ele cometer e jamais o acuse de psicopata diretamente, pois você não tem qualificação para tanto. Documente tarefas e faça-o comprometer-se por escrito (respondendo para o seu e-mail). Para não perder a credibilidade, "nunca entre em uma competição de gritos, nunca o chame de psicopata e não tente espalhar rumores sobre ele", diz o australiano.

Como evitar se tornar uma vítima?

A melhor arma para se proteger é conhecer como ele pensa e age. Um psicopata costuma fingir que tem as mesmas fragilidades que a vítima para criar vínculos com ela. "Não importa se você é gerente, colega ou funcionário de um psicopata, você pode minimizar o risco de ser vítima ao desenvolver maior consciência das suas fragilidades e vulnerabilidades", diz John. O psicopata também tenta isolar a vítima dos outros colegas.

O que fazer se o seu colega for um psicopata?

Nunca encubra ou termine um trabalho para ele, pois isso o tornará uma vítima fácil de manipular, orienta John em seu livro. Além disso, mantenha uma boa rede de relacionamento com outras pessoas da empresa que saibam o valor de seu trabalho. Jamais confie nessa pessoa, anote sucintamente tudo o que ela fizer com você e, quando possível, entregue um relatório para os profissionais de RH da companhia.

Como romper com um assédio?

A melhor opção é fugir do psicopata. Se você tem algo que ele quer, ele irá atrás de você. Mas, se você já está na mira, não dê o que ele deseja. Se você já faz as coisas que o psicopata pede, atendendo a questões ilegais e pedidos estranhos, é melhor solicitar a mudança de departamento e escrever um relatório, mantendo sempre seus registros e informando a situação aos superiores.

Comunique o fato a outras pessoas da companhia, como os profissionais de recursos humanos. "Recomendo escrever uma carta anônima (há empresas no Brasil que possuem linhas 0800 para isso), curta e sem emoções, e enviá-la ao gerente de RH. Informe fatos, tais como ele mentiu em tal relatório, mentiu para encobrir tal coisa etc. Você tem de dar evidências", diz Paul. E, se outras pessoas têm os mesmos problemas, sugira que elas escrevam também.

Se você trabalha com alguém que tenha essas características, não entre no seu jogo, faça a sua parte e deixe que ele se afunde sozinho.

Gente deste tipo pode até alcançar cargos elevados durante um tempo, mas não duram mais do que nossos próprios méritos e valores.

Por Delmar Tavares


11 de janeiro de 2015

PLANEJAMENTO DA DEMANDA - DE QUEM É A RESPONSABILIDADE?


A necessidade de se planejar demanda, ou em outras palavras, de se estimar vendas futuras, advém do fato de que poucas empresas são tão flexíveis a ponto de poderem alterar eficientemente, de um mês para o outro, seus planos de produção de forma substancial. Dessa forma, o planejamento de demanda se torna entrada básica de todo o processo de planejamento de suprimento da empresa, fazendo com que cada etapa do processo “puxe” os insumos necessários da etapa anterior para que no final da cadeia a demanda seja suprida da forma mais econômica possível.

Área Responsável

Como a maioria dos processos de planejamento de demanda está, de alguma forma, relacionado aos clientes, normalmente envolve grande participação das áreas de Vendas e Marketing. Por outro lado, algumas informações nesse planejamento são essenciais ao processo logístico, fazendo essa área ter muito interesse em seu desempenho. Uma vez compreendido o escopo do planejamento da demanda, não podemos contestar seu caráter multifuncional e que se trata muito mais de um processo do que de uma atividade restrita a determinada função.

Segundo Corrêa et al. [1997], algumas empresas optam por atribuir a responsabilidade pelo planejamento de demanda à área de Logística. Nessas empresas, a área comercial geralmente não assume a responsabilidade pelas previsões, pois acredita que as únicas atividades que lhe agregam valor são as
relacionadas ao processo de vendas propriamente dito. Em virtude dessa falta de comprometimento da área comercial com o processo de previsão, a área de Logística acaba trabalhando apenas com dados históricos e acompanhando a evolução das vendas de forma reativa, esperando a ocorrência dos desvios para poder se replanejar.

Essa situação apresenta vários problemas. Fica claro que o planejamento de demanda não é executado de forma adequada, pois não conta com o trabalho de uma equipe multifuncional, ficando restrito puramente a análise de dados por parte de uma única área e que por muitas vezes não tem contato algum com os clientes.

O desempenho do processo se torna insatisfatório, simplesmente porque ao se utilizar somente dados históricos para se estimar as vendas, não se possui todas as informações disponíveis na empresa para tomada de decisões coerentes. Ações e informações da área comercial sobre o mercado, que afetam o comportamento da demanda, não são levadas em consideração gerando erros adicionais. Além disso, ao não se comprometer com o número gerado no planejamento de demanda pela área Logística, a área comercial pode gerar um plano de vendas inconsistente com o plano mestre utilizado para se planejar as fábricas, causando assim grande impacto nos níveis de inventário e de serviço da companhia.

Em outras empresas, a área comercial assume a responsabilidade pela previsão, mas com o objetivo de manipulá-la: em alguns casos, superestima as vendas com o objetivo de se induzir o excesso de produção para garantir a disponibilidade dos produtos finais para venda (originando altos estoques); em outros casos a previsão é subestimada para que as vendas reais ultrapassem as estimativas, gerando a percepção de desempenho superior da área comercial (causando falta de produtos).

Em outros casos, a área comercial elabora a previsão de vendas usando o seu melhor entendimento do mercado e a alta direção faz sua “análise crítica”, geralmente puxando a previsão para cima com o objetivo de gerar maiores desafios para área comercial ou simplesmente garantir que a estimativa utilizada para o planejamento do dia a dia esteja alinhada com as metas assumidas no plano estratégico, sem considerar, porém, ações para que esse aumento seja viável.

O que se pode notar nos exemplos é que pouco importa a área que é responsável pelo planejamento de demanda se este não se caracterizar por um processo onde as diversas áreas envolvidas estejam comprometidas com o desempenho da empresa naquilo que é fundamental para que se possa competir de forma eficaz nos mercados onde atua. Por outro lado, se há esse comprometimento e as áreas trabalham de forma cooperativa, a responsabilidade pelas decisões passa a ser da equipe multifuncional e não mais de uma única área.

Bibliografia

CORRÊA, H. L.; GIANESI, I. G. N.; CAON, M. Planejamento, Programação e Controle da Produção MRP II / ERP: conceitos, uso e implantação. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1997.


PRO - Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP.

1 de janeiro de 2015

PREVISÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2015

Após período difícil, analistas apontam suas avaliações para o próximo ano. Momento será de ‘arrumar a casa’, sem grande expectativa de crescimento.

Ano de Copa e eleições apertadas, 2014 prometia dar alento e prosperidade à economia que cambaleava no período anterior. Mas não foi bem assim. O país avançou fracos 0,2% nos três primeiros trimestres. Saiu da recessão técnica, mas a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deve ser a menor desde 2009, segundo o último boletim Focus, do Banco Central.

Como se não bastasse, o Brasil corre o risco de fechar o ano com o pior resultado nas contas públicas da história. Até novembro, a inflação estourou o teto da meta em 12 meses (6,5%) pela quarta vez seguida. Os juros, após um longo ciclo de baixa, voltaram a subir e estão em 11,75%.

O dólar renova máximas em quase 10 anos,fechando perto de R$ 2,70 no início da segunda quinzena de dezembro. Após sucessivos recordes de baixa, a taxa de desemprego parou de cair. A indústria decepcionou, apesar da importante recuperação no terceiro trimestre. Outro pilar do crescimento, o consumo das famílias desacelerou após anos de crescimento.

No cenário internacional, a queda nos preços das matérias-primas (commodities), com a menor demanda da China por estes insumos, não tem favorecido as exportações brasileiras. E o fim dos estímulos monetários nos Estados Unidos, pelo Federal Reserve, devolveu a volatilidade e incerteza a mercados emergentes como o Brasil.

Por outro lado, a escolha da nova equipe econômica, com Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda, foi vista como acertada pelo mercado. Ainda mais depois que o novo ocupante anunciou um severo ajuste fiscal para o próximo ano, com cortes de gastos e aumento na arrecadação de impostos, além de uma meta de superávit primário de 1,2% do PIB, para colocar a "casa em ordem".

Diante deste cenário, pairam dúvidas sobre o rumo da economia em 2015. A condução da nova política econômica será crucial para determinar o reequilíbrio do país, concordam economistas.

Só não há consenso quanto à eficácia dessa medida para recuperar a saúde da economia. E seu sucesso dependerá de pequenas partes dessa engrenagem, entre elas, as decisões de investimento das empresas, a concessão de crédito pelos bancos e a confiança do consumidor para voltar a injetar dinheiro na economia.

Confira abaixo o que esperam os analistas sobre os principais componentes que definirão o destino da economia brasileira para o próximo ano.

Produto Interno Bruto (PIB)

Com risco de fechar 2014 com uma fraca expansão de 0,2%, o PIB brasileiro, no melhor dos cenários, não deve crescer mais que 1% em 2015, de acordo com os analistas. Na previsão do mercado sondada pelo BC, a estimativa de expansão da economia para o próximo ano recuou de 0,77% para 0,73%, na segunda redução consecutiva.

“[2015] será um ano para ‘andar de lado". O governo terá menos capacidade para investir e, não investindo, as empresas vão postergar seus investimentos, que representam o mínimo necessário para se manter competitivas e rentáveis”, avalia o economista e sócio da Órama Investimentos, Álvaro Bandeira.

O sócio da Go Associados, Gesner Oliveira, vê uma alta de 1% para o próximo ano, puxada pela recuperação da indústria. “Mas ela vai crescer sobre uma base de comparação reprimida”, pondera.

A economista da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, espera um PIB ligeiramente melhor em 2015, com alta de 0,9%. “Ainda assim, é muito ruim”, diz. Um cenário moderadamente bom ela só enxerga a partir de 2016, com avanço de 1,6%. “O esperado ajuste fiscal e o aumento de impostos, além de um novo ciclo de alta dos juros, vão dificultar o crescimento”.

Na outra direção, a economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, Thaís Zara, avalia que o PIB ficará estagnado. “Os investimentos serão prejudicados pelas incertezas sobre o abastecimento de água e energia, além dos já conhecidos problemas de competitividade e o menor consumo das famílias”. 

Para a analista, o primeiro semestre de 2015 ainda será marcado pelas repercussões de escândalos de corrupção na Petrobras – envolvida na operação Lava Jato da Polícia Federal – o que pode prejudicar o custo de captação das empreiteiras.

Os investimentos devem encolher 5,5% no ano que vem, em função da política fiscal mais rígida e do impacto das denúncias na Petrobras, podendo criar dificuldades para novas concessões, na visão do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. “Isso deve paralisar os investimentos e a própria estatal, que tem peso de 30% na produtividade do país”, analisa.

Na visão do economista, está difícil encontrar algum grande estímulo para o crescimento entre os três principais componentes da demanda, que puxam 80% do PIB. “O consumo das famílias, as exportações e os investimentos não devem ajudar”, conclui Vale.

Inflação

A evolução dos preços ficará ligeiramente acima ou abaixo do teto da meta em 2015, que é de 6,5%. O principal motivo da pressão, concluem os analistas, será o aumento dos preços que foram represados em 2014, como a gasolina, a energia elétrica e o transporte público.

Bandeira, da Órama, acredita que será uma “batalha” manter a inflação abaixo do limite em 2015. “Já iniciaremos o ano com forte pressão inflacionária por causa do aumento na conta de luz e do possível reajuste dos combustíveis”, diz.

Gesner, da Go Associados, projeta uma inflação de 6,3% em 2015, com o realinhamento “especialmente em tarifas de transporte urbano e energia, além de efeitos ainda incertos da desvalorização do real”.

Alessandra, da Tendências, espera que a alta da energia atinja 18,1% em 2015, enquanto a gasolina pode subir 12% e o transporte público, 9%. “Isso vai reduzir a renda disponível das famílias”.

Para Thaís, da Rosenberg, a desaceleração econômica pode trazer alívio sobre alguns preços, especialmente na área de serviços. “No primeiro semestre, a inflação acumulada em 12 meses pode chegar a bater em 7%, encerrando o ano na casa dos 6,5%”, acredita.
Na avaliação de Vale, da MB Associados, devem ocorrer aumentos graduais ao longo do ano, com uma elevação do IPCA de 6,8% no fim de 2015.

Juros

Em sintonia com o ciclo deste ano, a taxa Selic deve continuar subindo em 2015, mas pode estancar até o fim do ano. A possibilidade de queda é remota, dizem os economistas. Para Alessandra, a taxa subirá para dos atuais 11,75% para 12% no início do ano e ficará neste patamar até dezembro.

A alta da taxa será um fator preponderante para segurar a inflação perto do teto da meta, acredita o sócio da Órama. “Os bancos estarão mais seletivos com o crédito, portanto os juros do mercado também vão se manter altos. Não acho que a Selic terá espaço para cair ao longo do ano”, diz.
Bandeira espera mais duas elevações ao longo do próximo ano, de 0,5 ponto percentual e de 0,25 ponto percentual. Para Gesner, os juros encerrarão 2015 em 12,5% ao ano, “em virtude das pressões inflacionárias”.

Thais, da Rosenberg, concorda com este patamar para o próximo ano. “Após chegar a 12,5%, a taxa ficará estável por algum tempo, à espera de uma política fiscal mais austera, que poderá ajudar a conter a inflação”.

Câmbio

Desde janeiro, o dólar acumula valorização em torno de 17% até o dia 16 de dezembro, quando fechou a R$ 2,7614. E a alta deve persistir em 2015, com a moeda norte-americana batendo até R$ 2,80 no fim do próximo ano, concordam os economistas.

“As moedas dos países emergentes passam por um movimento de depreciação com a perspectiva de realinhamento dos preços internacionais de ativos e com o início da elevação nos juros da economia americana em 2015”, avalia Gesner.

Para Bandeira, da Órama, o dólar pode alcançar o patamar de R$ 2,80 bem antes do que se imagina no próximo ano. “Se algumas medidas do governo mostrarem eficácia, o ponto positivo é que os investidores estrangeiros podem voltar a pensar em investir no Brasil, por estar barato em relação ao dólar”, diz.

Não é difícil imaginar um cenário em que o dólar chegue a R$ 3,20, acredita Vale, da MB Associados, devido à tendência de volatilidade dos mercados. “A situação doméstica complicada e a política monetária nos Estados Unidos em reequilíbrio significa que o câmbio que vai sofrer esses impactos”, diz.

Emprego

Após taxas recordes de ocupação nos últimos anos, o mercado de trabalho deu sinais de desaceleração e deve apresentar piora no próximo ano. Alessandra, da Tendências, projeta um desemprego na faixa de 5,4% para 2015, com expectativa de que “continue piorando um pouco” nos anos seguintes.

Para Vale, os setores de comércio e serviços serão os mais afetados pelos cortes de vagas, afetados pela tendência de encolhimento do consumo no próximo ano. Não só haverá menos vagas, como também a renda do trabalhador deve ficar menor.

“O crescimento da massa salarial reduziu-se com a estagnação no estoque de trabalhadores ocupados e do crescimento dos salários de forma mais alinhada ao da produtividade. Reajustes salariais acima da produtividade deverão ser cada vez menos frequentes”, avalia Gesner.

Na visão de Bandeira, devem aumentar as tensões sobre os dissídios coletivos, com maior pressão pela recuperação do poder de compra. “Por outro lado, com o baixo desempenho das empresas, não haverá capacidade para assumir esse adicional, criando um possível cabo de guerra entre os grandes setores nas negociações das correções salariais”.

Os primeiros sinais de desaquecimento do mercado de trabalho devem se intensificar ainda mais no próximo ano, considera Thaís. “O rendimento deve crescer menos – mas ainda deve crescer, influenciado pela alta de 2,5% real do salário mínimo –, ao mesmo tempo em que a taxa de desemprego sobe”.

Indústria

Haverá uma recuperação no setor produtivo, mas ela será insuficiente para ser considerada positiva, veem os economistas.  “O mercado doméstico tende a continuar com crescimento moderado em virtude do enfraquecimento do mercado de trabalho e da persistência da inflação em níveis relativamente elevados”, diz Gesner.

Para o analista da Go Associados, a Argentina, principal destino de nossos produtos manufaturados, dificilmente sairá da atual crise econômica, avalia. “Não se espera uma recuperação substancial da atividade industrial dada a perspectiva para as principais economias do mundo”, completa.

Estimando uma queda de 2,78% na indústria em 2014, Alessandra, da Tendências, vê um ano “um pouco melhor” para a atividade, com alta de 1,5%. “Mas não é suficiente para compensar a perda desse ano”, pondera.

Thais concorda com a tímida expansão em 2015, mas crê que a depreciação do real possa dar alento a alguns setores menos intensivos na importação de insumos, “ainda que seja na competição pelo mercado doméstico, que estará encolhendo”.

Na visão de Vale, da MB, contudo, a indústria deve cair em torno de 2% no próximo ano, com grande peso no setor de petróleo. “Por mais que a produção cresça um pouco mais, vai afetar a capacidade de manutenção das plataformas, o que já impacta na produção industrial como um todo”.

Para o economista, o fato de o setor automotivo continuar em trajetória de queda, sem os estímulos como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ajudará esta queda, ao passo que a mineração continuará sofrendo com os baixos preços no mercado internacional.

Contas públicas

Depois de 2014 correr o risco de fechar com déficit primário, o pior resultado da série histórica do BC, o anúncio do ajuste fiscal feito pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, trouxe alívio para o mercado, apesar de ter sido encarado como um “mal necessário”.

“Se esse pacote for eficaz, pode reverter o quadro para superávit primário. Mas o governo sofre muita pressão para investir no próximo ano. Caso deixe de investir, contribui demais para a paralisação da economia”, avalia Bandeira, da Órama.

O economista não vê espaço para mais aumento de impostos, embora ele seja necessário para o equilíbrio das contas públicas e maior arrecadação.

Em virtude dos novos ajustes, 2015 será um ano difícil, com dois desafios minando os planos de crescimento, de acordo com Bandeira. Um deles é a redução de custos e, o outro, o aumento da produtividade. Este ajuste trará uma complicação fiscal ruim para as empresas, na opinião de Vale, da MB Associados.

“Talvez não se consiga alcançar a meta de superávit de 1,2%, mas o patamar de 0,8% para o próximo ano é muito plausível”, acredita o analista.  Para Vale, sob qualquer ótica, 2015 será um ano complicado, uma vez que ajuste também implica em desaceleração.

“De qualquer maneira que viesse [o ajuste] seria difícil. A questão é saber se ele será suficiente para mudar todo o clima de confiança na economia”, conclui.

Fonte: G1 São Paulo

Pode ser visto em: http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/12/o-que-esperar-da-economia-em-2015.html