Pesquisar este blog

11 de janeiro de 2015

PLANEJAMENTO DA DEMANDA - DE QUEM É A RESPONSABILIDADE?


A necessidade de se planejar demanda, ou em outras palavras, de se estimar vendas futuras, advém do fato de que poucas empresas são tão flexíveis a ponto de poderem alterar eficientemente, de um mês para o outro, seus planos de produção de forma substancial. Dessa forma, o planejamento de demanda se torna entrada básica de todo o processo de planejamento de suprimento da empresa, fazendo com que cada etapa do processo “puxe” os insumos necessários da etapa anterior para que no final da cadeia a demanda seja suprida da forma mais econômica possível.

Área Responsável

Como a maioria dos processos de planejamento de demanda está, de alguma forma, relacionado aos clientes, normalmente envolve grande participação das áreas de Vendas e Marketing. Por outro lado, algumas informações nesse planejamento são essenciais ao processo logístico, fazendo essa área ter muito interesse em seu desempenho. Uma vez compreendido o escopo do planejamento da demanda, não podemos contestar seu caráter multifuncional e que se trata muito mais de um processo do que de uma atividade restrita a determinada função.

Segundo Corrêa et al. [1997], algumas empresas optam por atribuir a responsabilidade pelo planejamento de demanda à área de Logística. Nessas empresas, a área comercial geralmente não assume a responsabilidade pelas previsões, pois acredita que as únicas atividades que lhe agregam valor são as
relacionadas ao processo de vendas propriamente dito. Em virtude dessa falta de comprometimento da área comercial com o processo de previsão, a área de Logística acaba trabalhando apenas com dados históricos e acompanhando a evolução das vendas de forma reativa, esperando a ocorrência dos desvios para poder se replanejar.

Essa situação apresenta vários problemas. Fica claro que o planejamento de demanda não é executado de forma adequada, pois não conta com o trabalho de uma equipe multifuncional, ficando restrito puramente a análise de dados por parte de uma única área e que por muitas vezes não tem contato algum com os clientes.

O desempenho do processo se torna insatisfatório, simplesmente porque ao se utilizar somente dados históricos para se estimar as vendas, não se possui todas as informações disponíveis na empresa para tomada de decisões coerentes. Ações e informações da área comercial sobre o mercado, que afetam o comportamento da demanda, não são levadas em consideração gerando erros adicionais. Além disso, ao não se comprometer com o número gerado no planejamento de demanda pela área Logística, a área comercial pode gerar um plano de vendas inconsistente com o plano mestre utilizado para se planejar as fábricas, causando assim grande impacto nos níveis de inventário e de serviço da companhia.

Em outras empresas, a área comercial assume a responsabilidade pela previsão, mas com o objetivo de manipulá-la: em alguns casos, superestima as vendas com o objetivo de se induzir o excesso de produção para garantir a disponibilidade dos produtos finais para venda (originando altos estoques); em outros casos a previsão é subestimada para que as vendas reais ultrapassem as estimativas, gerando a percepção de desempenho superior da área comercial (causando falta de produtos).

Em outros casos, a área comercial elabora a previsão de vendas usando o seu melhor entendimento do mercado e a alta direção faz sua “análise crítica”, geralmente puxando a previsão para cima com o objetivo de gerar maiores desafios para área comercial ou simplesmente garantir que a estimativa utilizada para o planejamento do dia a dia esteja alinhada com as metas assumidas no plano estratégico, sem considerar, porém, ações para que esse aumento seja viável.

O que se pode notar nos exemplos é que pouco importa a área que é responsável pelo planejamento de demanda se este não se caracterizar por um processo onde as diversas áreas envolvidas estejam comprometidas com o desempenho da empresa naquilo que é fundamental para que se possa competir de forma eficaz nos mercados onde atua. Por outro lado, se há esse comprometimento e as áreas trabalham de forma cooperativa, a responsabilidade pelas decisões passa a ser da equipe multifuncional e não mais de uma única área.

Bibliografia

CORRÊA, H. L.; GIANESI, I. G. N.; CAON, M. Planejamento, Programação e Controle da Produção MRP II / ERP: conceitos, uso e implantação. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1997.


PRO - Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário