A manifestação dos caminhoneiros entrou nesta
quarta-feira (25.02.2015) em seu sétimo dia de protesto contra o aumento do
diesel e o preço do frete, considerado baixo pela categoria. Até a noite de
terça, pelo menos 13 estados haviam tido registro de atos, com interdição de
rodovias e acessos a portos.
Os caminhoneiros não tem uma pauta unificada de
reivindicações. Os manifestantes reclamam, principalmente, da alta do preço do
diesel, da redução do preço do frete e do valor dos pedágios.
Segundo a Federação dos Transportadores Rodoviários
Autônomos do Estado de São Paulo (Fecamsp), a alta do diesel – que ficou mais caro depois que o governo
elevou as alíquotas do PIS/ Confins e da Cide, em janeiro, e resultou em
uma alta de R$ 0,15 por litro do combustível – serviu como “gatilho” para os
protestos.
Ainda segundo a Fecamsp, o preço do frete teve uma queda
de 37% em todo o país nos últimos cinco meses. A federação alega que, ao mesmo
tempo em que aconteceu essa diminuição, houve alta nos custos de manutenção dos
caminhões e das safras de produtos agrícolas, resultando em “mais carga a
transportar”, com “o mesmo número de caminhões”.
A Abcam explica que a queda de 37% acontece porque a
remuneração paga aos caminhoneiros não acompanhou esse aumento de custos,
reduzindo o valor final que "resta na mão do motorista".
As entidades do setor apontam a existência de um “cartel
informal” do preço do frete, pedindo o estabelecimento de uma planilha nacional
de referência.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT) o preço do frete é livre, negociado entre contratante e contratado. O
que se regulamenta é apenas a forma de pagamento, para fins fiscais.
De acordo com o diretor de projetos e comunicação da
Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) Haroldo Christensen, o valor do
frete, hoje, é definido por uma tabela de referência feita pelas
transportadoras. "Nós entendemos como ilegal, porque pode gerar uma
cartelização do frete", diz.
"O frete deveria ser o maior motivo da paralisação.
Porque a variação do diesel, dos insumos, devia estar ligada a isso. O que não
existe é uma planilha nacional de custos, em que fossem colocados todos os
insumos assumidos, como combustível, pneu, manutenção, e junto com isso o valor
das commodities. E sairia um valor de tonelada/km rodado, que seria variável
conforme esses elementos", defende Christensen.
Outro motivo apontado para os protestos é o preço do
pedágio nas rodovias, além de casos em que o valor é embutido no frete. “Desde
2001, pela lei 10.209, foi estabelecido o Vale-Pedágio Obrigatório, o qual
determina que o valor do pedágio tem que ser pago, integralmente, pelo
embarcador, e não pelo caminhoneiro”, argumenta a federação, que pede maior
rigor na fiscalização pela ANTT.
O ministro da Secretaria Geral, Miguel Rossetto, disse nesta terça que o governo passou a analisar o pedido dos caminhoneiros para prorrogar o prazo de carência das dívidas contraídas por meio do programa Pró-caminhoneiro, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O programa prevê, entre outros pontos, o financiamento para a aquisição de itens como caminhões, chassis, reboques, carretas e cavalos-mecânicos.
O ministro da Secretaria Geral, Miguel Rossetto, disse nesta terça que o governo passou a analisar o pedido dos caminhoneiros para prorrogar o prazo de carência das dívidas contraídas por meio do programa Pró-caminhoneiro, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O programa prevê, entre outros pontos, o financiamento para a aquisição de itens como caminhões, chassis, reboques, carretas e cavalos-mecânicos.
A manifestação não é centralizada. Os primeiros protestos começaram em 13 de fevereiro,
no Paraná, em um ato que incluía os professores do estado reclamando de medidas
de corte de gastos e do que classificam de "abandono" da educação.
Nos dias seguintes, a manifestação se espalhou por outros estados.
"Estamos acompanhando, não estamos
participando", diz Christensen, da Abcam. "É um movimento que tem acontecido
e não tem comando central. Não existe uma direção. Em cada lugar estão agindo
de uma maneira diferente", explica.
Em meio à paralisação, o ministro da Secretaria Geral,
Miguel Rossetto, afirmou nesta terça que não faz parte da pauta do governo
reduzir preço do litro do óleo diesel “Não está na pauta do governo a redução
do preço do diesel neste momento”, disse. A definição dos preços dos
combustíveis no Brasil parte da Petrobras. Porém, a variação do preço nas
bombas para o consumidor depende de decisão dos postos de gasolina.
A Advocacia Geral da União protocolou ações na Justiça Federal dos estados onde houve o bloqueio de rodovias. A AGU pediu que a Justiça conceda liminar (decisão provisória) para que as estradas sejam desbloqueadas e para que seja imposta uma multa de R$ 100 mil por cada hora em que a decisão for descumprida.
O governo vai receber, nesta quarta-feira, representantes dos caminhoneiros para um encontro em Brasília. Segundo o dirigente da Abcam, foram convidadas algumas lideranças locais. "Nós, como associação, fomos convidados como ouvintes. Nós entendemos que não é o correto. Mas vamos como ouvintes e lá reivindicamos", afirmou Christensen.
Segundo a ANTT, são 1 milhão de registros de transportadores, com 2,2 milhões de veículos. A maioria dos registros (857 mil) de para autônomos, 1 milhão de veículos. Já os registros de empresas são 171 mil, com 1,2 milhões de veículos. Os registros para cooperativas são 410, com 17 mil veículos.
Fonte:G1
- São Paulo e Brasília.
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