Você sabia que a revista mais
vendida no mundo (excluindo as de cunho religiosos) tem como principal assunto
o estilo de vida do homem americano de meia-idade com uma tiragem bimensal
de 22,5 milhões de exemplares? Desde 1980, AARP The Magazine tem sido a maior
revista que circulou pelos Estados Unidos. No entanto, até 2002, era conhecido
como o Modern Maturity. Publicado pela primeira vez em 1958, é uma revista de
propriedade de uma organização não-governamental, a Associação Americana de
Aposentados (AARP). No Brasil desde 2016 a Revista Veja não vende mais de 1
milhão de cópias. Das 10 revistas mais vendidas no país, 7 falam da "vida
alheia e folhetim noveleiro", ou seja, somadas passam a tiragem da Veja. É
incrível como os costumes da maioria dos leitores de revistas brasileiras é
influenciado por uma emissora de TV.
Diferente do Brasil, o mercado
americano explora não só no consumo como na mão de obra deste perfil (não em
larga escala como os mais jovens). Lá até 2020 os trabalhadores com 55 anos ou
mais serão responsáveis por 25% da força de trabalho, em comparação aos 13% do
ano 2000, segundo o Centro de Estudos sobre Longevidade de Stanford. De acordo
com uma publicação da Easy Life Cover, muitos negócios de sucesso nos Estados
Unidos foram iniciados por pessoas que já tinham mais de 50 anos. E os exemplos
são bastante surpreendentes. Na lista de empresários, temos gente do calibre de
Colonel Sanders, do KFC (Kentucky Fried Chicken), Raymond Croc, fundador da
rede de fast food mais famosa do mundo, o McDonald's, e John Pemberton,
fundador da Coca Cola, que, junto com o McDonald's, está no top 5 das marcas
mais valiosas do mundo. Eles possuíam 65 anos, 52 anos e 55 anos,
respectivamente.
Celebridades que obtiveram sucesso acima dos 50 anos de idade |
Por que os
"cinquentões" norte-americanos estão se tornando tão produtivos no
trabalho? Pelo fato de estarem mais saudáveis e, principalmente, terem uma
escolaridade cada vez maior. Um dado curioso é que as profissões estão se
tornando menos "braçais" devido a automação e recursos tecnológicos,
por isso a capacidade intelectual desses, ainda fazem a diferença em diversos
segmentos de trabalho. Outro fator determinante ainda é a inteligência
emocional. A maioria das profissões demanda, além do conhecimento técnico, um
grau razoável de inteligência emocional. Essa combinação deixou de ser um
diferencial competitivo e, hoje, é um pré-requisito, sempre bem avaliada em
processos seletivos ou de promoções. Uma pesquisa na Universidade de Berkeley
mostra que o pico da nossa inteligência emocional é quando entramos na casa dos
60 anos.
Em pesquisa feita em 31 países
pela empresa americana de recursos humanos Manpower, 30 mil empregadores foram
entrevistados. Desse total, 13% planejavam contratar trabalhadores mais
experientes, enquanto 20% pretendiam mantê-los após a idade de aposentadoria.
Esse número parece crescer, mas ainda está longe da realidade vivida no Japão.
Lá, estima-se que até 83% das empresas invistam em estratégias para retenção
dos profissionais em idade de aposentadoria que, diferentemente daqui, se dá
somente após os 61 anos.
Além da área profissional, o
consumo desse público é mais seletivo, na qual o interesse é valorizar detalhes
do produto a ser comprado e do atendimento prestado. Acredita-se que em 2025
serão 35 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil e em 2050, um em cada
três habitantes. Com maior longevidade, autonomia, qualidade de vida e
independência financeira, a terceira idade está se tornando a grande força do
mercado de consumo, revertendo a velha noção de que o Brasil é um país de
jovens. O grupo demográfico que mais cresce no Brasil e no mundo parece sofrer
menos diretamente com a crise econômica e representa uma mina de oportunidades
à espera daquelas empresas que souberem analisar, compreender e satisfazer as
necessidades e os desejos específicos desse segmento.
Um dado interessante vem do Rio
Grande do Sul na qual aumenta o número de mulheres acima dos 50 anos que tiram
a primeira habilitação no RS:
Ano Habilitadas pela primeira vez
a partir dos 50
> 2010: 295.225
> 2014: 388.860
> 2015: 415.246
Essas jovens senhoras estão cada
vez mais descobrindo a sua "independência" através de poder se
locomover com mais rapidez e conforto. Estão aproveitando algo que devido o
papel de dona de casa e/ou "dependência" de seu companheiro não
fizeram a sua carteira de habilitação.
Experiência e força emocional
estão ao lado destes cinquentões, por isso não ignore a contratação ou a
atenção deste público, pois além de seletivos são influenciadores agora e serão
ainda mais em um futuro breve.
Por Edinei Cunha
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