Segundo
a ABRAFRUTAS - Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e
Derivados, as vendas brasileiras para o mercado externo de frutas pretendem atingir,
até 2018, um crescimento médio anual de 3,5%. De acordo com relatório elaborado
em 2013 pela ONU, o mundo desperdiça cerca de U$ 750 bilhões de dólares anuais,
atingindo diretamente o valor final do produto em razão da redução da oferta. A
maneira incorreta de carregar e descarregar, a falta de cuidado ao colher e ao
embalar os frutos, a distribuição com desrespeito às normas de regulamentação,
são fatores que influem em perdas para a economia. Este artigo tem como
objetivo entender o processo logístico e como ocorrem os desperdícios nas
exportações de frutas brasileiras.
INTRODUÇÃO
Ao longo deste trabalho, desenvolve-se o tema
da logística de distribuição, assunto de grande interesse dentro de um ciclo de
compras e vendas, encontrando-se muitos fatores críticos que influenciam no
processo, tanto de forma favorável como desfavoravelmente. Outro ponto
importante abordado neste artigo é o fator da perecibilidade, que no caso das
frutas, tem que ser bem analisado, com vistas a evitar desperdícios e
contaminações e a eminente necessidade de mantê-las com a qualidade com que
foram colhidas, bem como agradar aos consumidores. Destaca-se a situação envolvendo
exportações, cujo custo do frete somado às perdas destes produtos perecíveis,
poderia tornar inviável ou menos competitiva as exportações.
A LOGÍSTICA
De acordo com a definição do Council of Supply Chain Management
Professionals, "Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de
Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento
eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos
acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até
o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes"
(Carvalho, 2002, p. 31).
Já segundo Christopher
(1997, p.2), a logística é o processo de gerenciar estrategicamente a
aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados
(e os fluxos de informação correlata) através da organização e seus canais de
marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presentes e futuras
através do atendimento de pedidos a baixo custo.
Há diversos desafios no gerenciamento
logístico, muitos deles relacionados à área de transporte (modais) e
distribuição, porém a falta de softwares competentes ou mais acessíveis, além
do mau treinamento de funcionários acabam por influenciar diretamente no
cenário atual.
O gerenciamento da rede logística de alimentos é abrangente e
extremamente complexo devido aos seus obstáculos de distribuição e armazenagem.
A qualidade dos produtos é indiscutível e assegurar esta sem aumentar os custos
é uma tarefa de difícil realização principalmente em um país de dimensões
territoriais tão grandes e de infra-estrutura tão diversa como o Brasil.
A logística de produtos perecíveis no Brasil
está interligada com questões de segurança, e cabe à Diretoria Técnica do Centro
de Vigilância Sanitária a fiscalização de veículos que transportam alimentos,
sendo a maioria desses para consumo humano.
Cabe também alertar aos produtores sobre
maneiras de melhor embalar as mercadorias para que cheguem ao consumidor final
na qualidade desejada. Salienta-se que, muitas vezes, as perdas de produtos por
falta de embalagens adequadas e por ausência de cuidados básicos elevam os
custos, que devem ser minorados em busca da maior eficiência, qualidade e
lucro.
RASTREABILIDADE E BARREIRAS TARIFÁRIAS E NÃO TARIFÁRIAS
Segundo
Fabiana Cunha Viana Leonelli e José Carlos de Toledo (2006, p. 1 apud Meuwissen
et al, 2003) escândalos envolvendo contaminação de alimentos tem um aspecto
comum: a causa e o foco das contaminações não foram detectados em curto prazo,
como no caso da dioxina na Holanda e a
BSE no Reino Unido e posteriormente em diversos países da União Européia. A
conseqüência destes episódios, segundo os autores, gerou certo receio quanto à
segurança dos alimentos, no que diz aspectos de produção e armazenagem destes.
Segundo
a Norma ISO 8402, a definição de identificação e rastreabilidade incidem na
capacidade de traçar todo o histórico, a aplicação ou a localização de um item
por meio de informações previamente registradas, disponibilizando assim todas
as informações essenciais sobre o produto (matérias-primas, local, transporte)
até a chegada deste no consumidor.
Já
as barreiras comerciais impostas pelos países importadores são uma forma de
proteger seu comércio local e assim sua circulação de mercadorias. Segundo Azúa
(1986, p. 85), existem diversas formas para
esse protecionismo se manifestar sem que haja um fundamento filosófico a
respeito.
Para
Krugman e Obstfeld (1999, p. 191), tarifas são
simples políticas de comércio, um imposto cobrado pelo bem importado. Porém, os
governos tendem a impor barreiras não-tarifárias para proteger suas indústrias
sem que os consumidores tenham de pagar a mais por isso.
Pode-se
afirmar que as principais barreiras não-tarifárias são então cotas, as
restrições voluntárias às exportações e as certificações que as empresas e o
país que exportam têm de seguir para adentrar o mercado externo.
CONCLUSÃO
De
acordo com as fazendas visitadas, no processo logístico ocorre muita perda de
frutas. Na distribuição, no caso das frutas serem transportadas em caixas
inapropriadas ou embaladas indevidamente, os produtos serão machucados, arranhados
ou batidos, causando assim um prejuízo para o comprador e conseqüentemente a
devolução do produto. Sendo assim, é necessária uma proteção, embalagens
individuais, para os frutos mais sensíveis.
No
transporte também encontramos o problema da refrigeração da carga. Quando a
temperatura fica muito baixa no contêiner/carreta, ocorre o congelamento do
fruto, porém se fica mais quente que o necessário, o fruto se deteriora mais
rapidamente. Sendo assim, o uso do termógrafo é essencial para o transporte das
frutas.
Amassados
decorrentes de caixas jogadas são comuns, e as perdas desse tipo atingem
diretamente o varejista e o consumidor, pois este problema pode vir a aparecer
depois que o cliente compra o produto. Esses amassados geralmente são
ocasionados pelo carregamento e descarregamento descuidado, conhecido por
“bater caixa”. Atualmente, o uso de empilhadeiras contribui muito para que a
perda seja menor.
Já
nos atacadistas e locais de venda onde têm que se armazenar os frutos em
câmaras frias, há de se ter um cuidado especial para que os frutos climatéricos
(aqueles que liberam etileno) sejam armazenados de maneira a não estragarem
outros frutos.
Os
custos aliados a este processo são decorrentes do valor que as transportadoras
cobram pela distribuição refrigerada, ou seja, tanto nos caminhões e conteiners
quanto nos navios para a exportação.
Como
pode ser visto, a logística tem de ser analisada. Os frutos são demasiadamente
sensíveis e precisam de cuidados especiais. Ferramentas, certificações e
estudos desta área são essenciais para que a perda não seja significativa nos
custos do processo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, José
Meixa Crespo de - Logística.
3ª ed. Lisboa: Edições Silabo, 2002.
CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégias
para a redução de custos e melhoria dos serviços. São Paulo: Pioneira, 1997.
Economia e Agronegócio; Disponível em: http://g1.globo.com/economia/agronegócios/noticia/2016/03/exportacao-brasileira-de-frutas-pode-alcancar-us-1-bi-ate-2018.html;
acesso em 22 ago. 2016;
NOVAES, Antonio Galvão N. Logística Aplicada: suprimento e
distribuição física / Antonio Galvão N. Novaes, Antonio Carlos Alvarenga. –2.
Ed.—São Paulo : Pioneira, 1994;
Antonio Carlos da
Silva Rezende. IMAM Logistica:
Movimentação. Disponível em
<http://www.imam.com.br/logistica/noticias/movimentacao/107-logistica-de-distribuicao-de-alimentos-pereciveis>
Acesso em 24 out. 2016.
LEONELLI, F. C. V., TOLEDO, J. C. Rastreabilidade em cadeias Agroindustriais-
conceitos e aplicações. São Carlos, São Paulo. 2006.
KRUGMAM, Paul R.; OBSTEFELD, Maurice.
Economia internacional - Teoria e Política. São Paulo. Makron Books. 1999.
AUTOR
KARINA
PERALTA
(kaperalta@hotmail.com): Formada em
Engenharia de Produção em 2016 pelo Centro Universitário Eurípedes Soares da
Rocha – UNIVEM.
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