A questão da produtividade tem
sido alvo de discussões acaloradas entre as empresas e os diferentes segmentos
econômicos no Brasil e no mundo. Ocupamos as posições mais baixas nos rankings mundiais
de produtividade elaborados pelas instituições norte-americanas, européias e
asiáticas. Péssimo para um país que se auto intitula uma economia emergente e
que quer estar entre as cinco maiores economias do mundo nos próximos anos.
Na prática, produtividade
significa fazer mais com menos. Parece simples, mas não é, pois envolve
investimentos em sistemas de gestão (principalmente na apuração e interpretação
dos indicadores de produtividade), na capacitação e gestão da
mão-de-obra, adequação da infraestrutura, revisão dos processos-chave e
aquisição de novas tecnologias (incluindo a automação de operações).
As operações de movimentação e
armazenagem de materiais em Centros de Distribuição e nos Terminais de Carga e
as operações de transferência e de coleta/entrega nas Transportadoras
apresentam elementos e características comuns, mas contrastantes com a busca
por maior eficiencia e eficácia.
Tratam-se de operações com baixo
nível de automação e de mão-de-obra intensiva, ou seja, são totalmente
dependentes do fator humano, que por sua vez, tem a sua produtividade atrelada
a questões relacionadas a ergonomia, liderança, clima organizacional,
disponibilidade de ferramentas para o desempenho da atividade, remuneração fixa
e variável, escopo do cargo na atividade desempenhada, status,
segurança, etc.
Essas variáveis todas são
difíceis de serem equalizadas, e acabam resultando em maiores indicadores de turn-over (rotatividade),
absenteísmo (faltas), índices de acidentes, avarias, furtos e erros nas
atividades de transportes e de conferência, endereçamento, estocagem,
inventário, separação de pedidos, unitização de cargas e expedição. Portanto, a
má gestão de pessoal acarretará obrigatoriamente em baixos índices de
produtividade.PO
Esse ciclo vicioso, aliando a má
gestão de pessoal aos processos mal desenhados ou até inexistentes, gera muito
retrabalho, transformando os profissionais em verdadeiros
"bombeiros", que gastam seu precioso tempo resolvendo problemas
recorrentes; é gente que não produz e que não atua na causa raiz das não
conformidades, alimentando o eterno dilema da baixa produtividade no Brasil.
Profissionais atuando como
"bombeiros" normalmente se conformam com a situação, pois acabam
tendo um relativo domínio dos imprevistos (e de suas soluções) e aproveitam
esses eventos indesejados para se posicionarem como verdadeiros heróis. Na
prática, acabam emburrecendo e transformam-se em "zumbis" ou
"mortos-vivos" e realimentam o ciclo vicioso da falta de
produtividade. São fortemente apegados aos paradigmas e lendas existentes e
totalmente avessos à inovação, e em nome do "aqui não dá" ou
"aqui já tentamos e não funcionou", recusam qualquer nova prática de
gestão, processo ou tecnologia.
Sem uma correta e ampla gestão de
pessoal, aliada à revisão dos processos sob a ótica de valor agregado ao
cliente interno e externo, será muito difícil obter indicadores altamente
competitivos de produtividade nos armazéns ou nas operações de transportes.
Não bastará ter a melhor
infraestrutura operacional ou a mais completa solução WMS (Warehouse
Management System), pois continuaremos "esbarrando" nas questões
relacionadas ao capital humano e aos processos. Portanto, para ter uma maior
produtividade, foque em PESSOAS e PROCESSOS!
por Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria
e Treinamento em
Logística Ltda.
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