Recebi este artigo do
departamento de Marketing da Universidade que leciono em Marília – UNIVEM e
achei muito interessante a relação que o autor faz comparando as escolas de
samba a um “laboratório de Administração de Empresas”, um ponto de vista
interessante que gostaria de dividir com vocês, boa leitura!
Prof. Geraldo Cesar
Meneghello
As faculdades de
administração bem que podiam criar uma cadeira que poderia ter o nome de
“Planejamento, Organização, Estrutura, Execução e Controle aplicados aos
processos executados nos desfiles das Escolas de Samba” ou, mais facilmente,
“Vamos aprender a gerenciar com o samba!”.
Em vez de aulas chatas e
cansativas, os alunos visitariam os barracões durante o ano, estudando os
processos de elaboração e construção de alegorias e fantasias; assistiriam
aos ensaios da bateria e analisariam o estilo de gestão de pessoas adotado pelo
Mestre de Bateria; e avaliariam a estrutura organizacional fixa das escolas e a
estrutura de processos para o desfile.
Cada um desse itens
poderia ainda ser visto pela visão dos indicadores de qualidade e produtividade
e do monitoramento contínuo. Quais os quesitos que serão considerados pela
comissão julgadora? Como a escola se prepara para atingir a nota máxima em cada
um?
O que mede a qualidade?
Ou melhor, sabemos o que é qualidade nesse caso? É o que o cliente quer ou o
que supera suas expectativas? Quem é o cliente? Tanto pode ser o povão
nas arquibancadas quanto o telespectador em casa ou os jurados. Para cada
cliente, uma forma de entrega diferente. Como itens subjetivos do tipo
beleza, harmonia e empolgação poderiam ser prèviamente ajustados e treinados
para o melhor resultado final do processo?
A gestão do marketing
também tem que entrar. Precisamos saber se o samba-enredo foi bem divulgado e
se o povo está sabendo cantar. Os ensaios foram disputados? Atraíram
celebridades e repercutiram na mídia? E o pós-desfile, como capitalizar e gerar
recursos para o ano seguinte? Vocês têm as respostas? Eu não. Mas olhem só que
beleza de debates poderiam sair daí!
Não podemos esquecer da
produtividade, que pode ser definida como uma razão entre o que é produzido e o
que é consumido para essa produção. E o que seria produzido por uma
escola durante o ano e no desfile? O consumo pode ser em horas de trabalho ou
em dinheiro gasto, em tempo ou em qualquer outro quesito absorvido no processo.
A produção de fantasias
é um item interessante de se ver por esse aspecto. Quantas foram produzidas em
quanto tempo? Por quanto? Estava dentro do planejado? Sabemos qual era a capacitação
das pessoas envolvidas e se tiveram treinamento? Existe algo parecido com um
plano de cargos e salários, mesmo que informal? Quem ganha mais e porque? Como
medir os benefícios indiretos?
Durante o desfile entra
o conceito de “monitoramento contínuo”. Os Diretores de alas (gerentes)
precisam saber quanto tempo resta e se o som está OK. O samba atravessou,
levantou a galera ou foi apenas certinho? A comissão de frente está
desempenhando bem? A ala das baianas evolui legal? E o recuo da bateria? E a
madrinha? E...? Quantos requisitos para acompanhar...
Mas terminado o desfile,
tem que começar processo de melhoria contínua. Foram 4.000 pessoas desfilando
em dezenas de alas, evoluindo ao longo da avenida de modo organizado e
planejado, seguindo um ritmo pré-determinado.
Que habilidades e
competências estiveram presentes ou ausentes e como foi o comportamento dessas
pessoas ao longo do desfile? Seu perfil comportamental estava adequado às
tarefas que elas desempenharam? O que pode e deve ser melhorado para o ano que
vem?
Fala sério! Quem não
teria vontade de assistir a uma aula dessas? Daria fácil para consumir um
semestre inteiro.
E nem falamos de
tecnologias de processo e de produto, nem de sistemas de informação. Mas isso
fica para o próximo desfile, perdão, para o próximo semestre...
Por Paulo Barreira
Milet, empresário, sócio diretor da Eschola.com, Matemático pela UnB com
MBA pela FGV/RJ.
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