O setor logístico vem sofrendo uma série de mudanças
que impactam diretamente nos custos e desempenho do setor. Se nenhuma atitude
for tomada, a área vai se tornar economicamente desinteressante e o Brasil
menos competitivo, caminhando para um ponto de estrangulamento.
Desde janeiro de 2012, todos os fabricantes de
caminhões e ônibus no Brasil foram obrigados a equipar seus veículos com
motores adequados aos limites de emissões estabelecidos pela Norma Euro 5, definida
pela União Europeia. Apesar de seu inegável benefício para o ambiente, haverá
um impacto financeiro.
Os novos veículos Euro 5 deverão ficar de 10% a 15%
mais caros que os atuais adequados à norma Euro 3. Esses veículos terão que
abastecer, além de um diesel mais limpo e caro, com um outro tanque: o de ureia,
ou Arla 32 - Agente Redutor Líquido de NOx automotivo.
Além dos altos investimentos na nova frota, há um
impasse sobre o que fazer com os veículos antigos que terão difícil colocação
no mercado de usados. O mesmo conflito acontece com os caminhões de grande
porte que tiveram que ser substituídos por veículos menores para atender a
restrição de circulação em centros urbanos, como acontece em São Paulo em breve no
ABC Paulista e em diversas cidades no país, mesmo as de pequeno porte.
Após um ano da implantação da lei na capital paulista,
a produção de veículos comerciais leves no Brasil aumentou de 57 mil veículos
para 75 mil. De acordo com estudo do Instituto de Logística e Supply Chain, 59%
das empresas aumentaram a frota de comerciais leves na faixa de 10% a 30%, gerando
um índice médio de aumento de 19%, este fato por si só, além de encarecer o
transporte, por um lado tira-se veículos pesados dos centros urbanos e, consecutivamente,
insere mais veículos em circulação para o transporte do mesmo volume de cargas,
gerando assim mais trânsito.
Outro ponto a ser observado é o crescimento de 3,7%
em 2011 em movimentação de cargas se comparado a 2010, que influencia
automaticamente no número de veículos nas estradas. As nossas vias não estão
preparadas para receber esse volume e a maioria apresenta péssimas condições de
circulação, o que impacta diretamente no aumento do custo de operação. Afinal, os
pedágios estão cada vez mais caros e a condição das estradas força a manutenção
freqüente dos veículos. E também devemos levar em consideração a falta de
segurança e os altos índices de cargas roubadas que elevam o custo dos seguros.
Como os desafios são tantos, busca-se mão de obra
qualificada, o que está cada vez mais difícil de encontrar. A disputa por
qualidade e preços menores é grande, sendo assim é necessário compartilhar os
poucos profissionais capazes com outras indústrias sazonais, como a agricultura.
O cenário é lamentável: o Brasil caminha para uma
crise, ao mesmo tempo em que perde competitividade no mercado. O conjunto de
desafios, incluindo má qualidade das estradas e impostos, questões trabalhistas,
aumento de ICMS de 5,5% sobre o pneu, restrições de entrega, roubo de cargas e
outros já mencionados, eleva os custos de serviço a níveis muito altos. Se, por
um lado, o setor logístico registra mais gastos para poder trabalhar, o cliente
pressiona para redução dos custos e alta produtividade. Fica, então, o
questionamento sobre o futuro incerto para o segmento no Brasil.
Fonte: Diário
do Comércio, por Hamilton Picolotti
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