Logística Verde |
Até
aqui as Transportadoras e os Operadores Logísticos cresceram e se desenvolveram
sustentados nos "pilares" da logística convencional, aquela que segue
o sentido tradicional, dos fabricantes e canais de distribuição aos clientes
finais. Esse também tem sido o foco primário dos Embarcadores na gestão da
operação logística.
O
futuro, porém, será diferente. É claro que a logística convencional nunca
perderá seu valor e importância, mas a logística verde ganhará cada vez mais espaço
e se tornará o grande protagonista no cenário mundial.
Mas
por quê? Vários são os motivos.
Primeiro,
existe e existirá cada vez com maior intensidade uma pressão econômica para
recuperar o valor de produtos dentro da cadeia logística. Esse é um dos
principais papéis da logística reversa, que tem como função primordial a
maximização do valor dos ativos que estão sendo subtraídos do fluxo tradicional. Reduzir custos e minimizar a
necessidade de novos investimentos será determinante para o nível de competitividade
das empresas, por isso, a gestão da logística reversa será fundamental!
Outro
fator importante está relacionado à preocupação com o meio-ambiente. Nesse
sentido a logística tem um papel crucial, principalmente ao desenvolver ações
que contribuam para os 3Rs da eco eficiência: Reduzir, Reutilizar
e Reciclar. Reduzir significa economizar de todas as
formas possíveis. Reutilizar é uma forma de evitar que vá para o lixo
aquilo que não é lixo. Reciclar, quando não deu para reduzir e nem
reutilizar. Também contribuirá de forma decisiva para o avanço da logística
reversa a questão da legislação “verde” (green laws), que tem avançado com
grande velocidade nos países europeus. É o caso, por exemplo, da norma WEEE -
Waste Electrical and Electronic Equipment ou Resíduos de Equipamentos Elétricos
e Eletrônicos (REEE). A norma WEEE define junto aos Fabricantes os
procedimentos adequados para o descarte e coleta de equipamentos elétricos e
eletrônicos usados. A implantação da
norma WEEE na Europa começou nos países que participavam da União Européia em
13 de agosto de 2005 e aos poucos vem se estendendo por toda a Europa, Ásia e
América, através das filiais das
empresas com sede na Europa. Outra norma importante, também vigente na União
Européia é a RoHS, que também é conhecida como “a lei dos sem chumbo”
(lead-free) mas esta diretiva também trata de outras cinco substâncias. Desde
de 01/Julho/2006 a norma RoHS proíbe na União Européia a produção ou importação
de novos equipamentos elétricos e eletrônicos que contenham níveis superiores
ao acordado de chumbo, cádmio, mercúrio, cromo
hexavalente,
polibromato bifenil (PBBs), éteres difenil-polibromatos (PBDEs); os dois
últimos são usados como retardantes de chamas em plásticos. A diretriz
cobre uma grande variedade de itens, ao longo de 10 categorias, incluindo
grandes e pequenos eletrodomésticos, equipamentos high-tech, TVs, brinquedos,
etc.
O
aumento da velocidade de inovação em novos produtos e a tendência à
descartabilidade também atuam no sentido de reforçar a importância e a
necessidade de uma eficaz gestão da logística reversa. Algumas evidências
disso:
- Redução do ciclo de vida mercadológico dos produtos;
- Surgimento de novas tecnologias e de novos materiais em suas constituições;
- Obsolescência precoce planejada, visível em setores como informática (desktops e notebooks), automotivo, eletrodomésticos, têxtil (moda) e calçados, dentre outros.
- Expectativa dos consumidores por novos lançamentos, aliados aos altos custos para reparos dos bens diante de seu preço de mercado;
- Uso intensivo de embalagens descartáveis;
- Avanço da informática.
Outros
fatores, como por exemplo a questão da imagem das empresas, também contribuirão
para avançarmos na gestão da logística reversa, deixando de tratá-la apenas
como um processo eventual e contingencial, e transformando-a em um processo
regular, contando com uma infra-estrutura logística adequada para lidar com os
fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de materiais
(re)processados. A capacidade de rastreamento de retornos, o custeio da operação reversa, a medição dos tempos de ciclo, o monitoramento
do desempenho dos Fornecedores, etc., nos permite obter informações cruciais para
negociações, melhoria de desempenho e identificação de abuso de consumidores no
retorno de produtos.
Tanto
para Prestadores de Serviços Logísticos quanto para os Embarcadores, a
logística verde é uma excepcional oportunidade para obter receitas adicionais e
reduzir custos.
Você,
Transportador ou Operador Logístico, o que está fazendo para aproveitar essa
onda verde? Quais novos serviços estão sendo desenvolvidos nesse sentido? E
você Embarcador, quais competências estão sendo aprimoradas para otimizar tanto
a sua logística convencional quanto a sua logística reversa?
Trilhar
esse caminho não será fácil, mas o que você está esperando para iniciar essa
longa, tortuosa e recompensadora jornada? Transforme risco em oportunidade!
Empresas pioneiras e bem sucedidas nisso estão ganhando muito, mas muito
dinheiro com a logística verde. Faça parte desse seleto grupo!
Por
Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda
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