Até
então ofuscadas pela operação de transportes, as atividades de movimentação e
armazenagem de materiais começaram a ganhar importância nas empresas a partir
do início desta década com a reavaliação da estratégia de distribuição e em
função de diversos outros fatores que aumentaram a complexidade da operação
logística como o aumento do número de itens comercializados, redução no ciclo
de vida dos produtos, controle por lotes e rastreabilidade, maior fracionamento
dos pedidos.
Custos com as operações de Centro de Distribuição representam, na
maioria dos casos, de 1 por cento a 5 por cento da receita operacional líquida
ROL das empresas. Sua participação vem aumento a cada ano, daí a importância da
sua mensuração e análise
Antes de qualquer coisa, avalie a disponibilidade e confiabilidade
dos dados para o processo de custeio.
Para custear as operações de movimentação e armazenagem de
materiais, inicialmente, classifique os custos e as despesas em QUATRO grandes
contas: Mão-de-obra, Espaço Físico, Equipamentos de Movimentação e Armazenagem
de Materiais MAM e Despesas Diversas.
Empresas que operam com cargas climatizadas, resfriadas e
congeladas normalmente criam uma conta à parte, denominada UTILIDADES, devido à
representatividade dos gastos com energia elétrica no custo total.
Ao levantar os custos, procure trabalhar numa base MENSAL. Ficará
mais fácil de você identificar distorções nos dados levantados.
Comecemos pela conta mais representativa, que pode alcançar até 60
por cento dos custos de um Centro de Distribuição, a MÃO-DE-OBRA. Ela engloba
os gastos com salários, encargos sociais e benefícios com a mão-de-obra direta
equipe operacional e administrativa equipe de apoio à operação.
Em seguida, passamos à conta ESPAÇO FÍSICO. No caso de
infra-estrutura própria, incidirá depreciação e custo de oportunidade. No caso
da depreciação, você poderá utilizar dados contábeis ou informações gerenciais;
por exemplo: contabilmente você deverá depreciar o imóvel em 25 anos com 20 por
cento de valor residual, mas gerencialmente poderá trabalhar com depreciação em
10 anos e valor residual igual a zero.
Investimentos relacionados ao prédio reconstrução da cobertura ou
reforma do piso, por exemplo, e a instalação de infra-estrutura acessória
sistema de ventilação, por exemplo, também deverão ser alocados na conta
ESPAÇO, considerando depreciação e custo de oportunidade.
No caso de infra-estrutura pertencente a terceiros, você deverá
considerar a despesa de aluguel.
Também fazem parte dessa conta ESPAÇO, o IPTU e as despesas com
manutenção predial conhecida como gastos condominiais que envolvem a limpeza,
jardinagem e a conservação do prédio. Algumas empresas optam por considerar
nessa conta as despesas com água e energia elétrica, segurança patrimonial e
gastos com laudos e licenças para depois efetuar um rateio por m².
Particularmente, prefiro alocar essas despesas na conta DIVERSOS.
Em seguida, passamos à conta EQUIPAMENTOS de MAM. Essa conta
envolve todos os gastos relacionados a equipamento de movimentação como empilhadeiras,
paleteiras elétricas e hidráulicas manuais, carrinhos diversos, e também os
gastos com estruturas de estocagem porta-páletes, drive-ins, flow racks, estanterias,
e acessórios diversos niveladores de docas, por exemplo.
No caso de equipamentos próprios teremos a depreciação e o custo
de oportunidade. Na hipótese de equipamentos alugados, a despesa com aluguel
assumirá especial destaque. Algumas empresas alocam parte da conta da energia
elétrica nessa conta, em função da carga de baterias de empilhadeiras
elétricas. Considere também os gastos com manutenção dos equipamentos,
tanto no caso de terceiros ou manutenção própria. No caso de manutenção
própria, você deverá considerar os gastos com espaço, mão-de-obra e ferramental,
além do impacto financeiro resultante da estocagem de peças.
Gastos com materiais para embalamento e unitização de cargas como
filme stretch, filme retrátil, cintas em nylon, páletes, etc. podem ser
alocados na conta EQUIPAMENTOS de MAM.
Por fim, teremos a conta DIVERSOS. Essa conta reúne gastos com
comunicação, material de papelaria e suprimentos para informática, serviços de
motoboy e Correios, despesas com Saúde, Segurança e Meio Ambiente equipamentos
de proteção individual, campanhas internas de conscientização como prevenção à
AIDS, alcoolismo, gripe suína, além de gastos com CIPA, SIPAT e Brigada de
Incêndio, depreciação e custo de oportunidade de mobiliários armários, mesas,
cadeiras, divisórias, itens de decoração, equipamentos de informática computadores,
impressoras, servidores, equipamentos de radiofreqüência, antenas, e
infra-estrutura de segurança câmeras, CFTV, sistemas de controle de acesso,
licença de softwares antivírus e firewall, pacote Office, solução WMS e ERP,
softwares de segurança interna. Aqui podemos incluir despesas com água e
energia elétrica, segurança patrimonial e laudos e licenças diversos.
Ao final, você terá um custo mensal. Esse custo poderá,
posteriormente, ser visualizado de diferentes formas
- custo como um por cento da ROL – Receita Operacional Líquida
- custo como um por cento do Custo Logístico Total
- custo por tonelada
- custo por volume
- custo por pedido
- custo por m² ou m³
A visualização do custo de movimentação e armazenagem por unidade
recebida ou expedida ou por posição palete na quinzena ou no mês dependerá da
alocação dos custos por atividade, num segundo estágio. Nesse caso é necessário
trabalhar com o a metodologia do custeio por atividades ABC.
A medição dos custos é o ponto de partida para a busca das
melhores práticas mundiais. Portanto, apure e analise seus custos. E se
possível, estabeleça um processo de benchmarking com outras empresas. Mãos-a-obra.
Artigo
escrito por Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e
Treinamento em Logística Ltda
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