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2 de setembro de 2012

COMO CUSTEAR ARMAZÉNS

Até então ofuscadas pela operação de transportes, as atividades de movimentação e armazenagem de materiais começaram a ganhar importância nas empresas a partir do início desta década com a reavaliação da estratégia de distribuição e em função de diversos outros fatores que aumentaram a complexidade da operação logística como o aumento do número de itens comercializados, redução no ciclo de vida dos produtos, controle por lotes e rastreabilidade, maior fracionamento dos pedidos.

Custos com as operações de Centro de Distribuição representam, na maioria dos casos, de 1 por cento a 5 por cento da receita operacional líquida ROL das empresas. Sua participação vem aumento a cada ano, daí a importância da sua mensuração e análise

Antes de qualquer coisa, avalie a disponibilidade e confiabilidade dos dados para o processo de custeio.

Para custear as operações de movimentação e armazenagem de materiais, inicialmente, classifique os custos e as despesas em QUATRO grandes contas: Mão-de-obra, Espaço Físico, Equipamentos de Movimentação e Armazenagem de Materiais MAM e Despesas Diversas.

Empresas que operam com cargas climatizadas, resfriadas e congeladas normalmente criam uma conta à parte, denominada UTILIDADES, devido à representatividade dos gastos com energia elétrica no custo total.

Ao levantar os custos, procure trabalhar numa base MENSAL. Ficará mais fácil de você identificar distorções nos dados levantados.

Comecemos pela conta mais representativa, que pode alcançar até 60 por cento dos custos de um Centro de Distribuição, a MÃO-DE-OBRA. Ela engloba os gastos com salários, encargos sociais e benefícios com a mão-de-obra direta equipe operacional e administrativa equipe de apoio à operação.

Em seguida, passamos à conta ESPAÇO FÍSICO. No caso de infra-estrutura própria, incidirá depreciação e custo de oportunidade. No caso da depreciação, você poderá utilizar dados contábeis ou informações gerenciais; por exemplo: contabilmente você deverá depreciar o imóvel em 25 anos com 20 por cento de valor residual, mas gerencialmente poderá trabalhar com depreciação em 10 anos e valor residual igual a zero.

Investimentos relacionados ao prédio reconstrução da cobertura ou reforma do piso, por exemplo, e a instalação de infra-estrutura acessória sistema de ventilação, por exemplo, também deverão ser alocados na conta ESPAÇO, considerando depreciação e custo de oportunidade.

No caso de infra-estrutura pertencente a terceiros, você deverá considerar a despesa de aluguel.

Também fazem parte dessa conta ESPAÇO, o IPTU e as despesas com manutenção predial conhecida como gastos condominiais que envolvem a limpeza, jardinagem e a conservação do prédio. Algumas empresas optam por considerar nessa conta as despesas com água e energia elétrica, segurança patrimonial e gastos com laudos e licenças para depois efetuar um rateio por m². Particularmente, prefiro alocar essas despesas na conta DIVERSOS.

Em seguida, passamos à conta EQUIPAMENTOS de MAM. Essa conta envolve todos os gastos relacionados a equipamento de movimentação como empilhadeiras, paleteiras elétricas e hidráulicas manuais, carrinhos diversos, e também os gastos com estruturas de estocagem porta-páletes, drive-ins, flow racks, estanterias,  e acessórios diversos niveladores de docas, por exemplo.

No caso de equipamentos próprios teremos a depreciação e o custo de oportunidade. Na hipótese de equipamentos alugados, a despesa com aluguel assumirá especial destaque. Algumas empresas alocam parte da conta da energia elétrica nessa conta, em função da carga de baterias de empilhadeiras elétricas.  Considere também os gastos com manutenção dos equipamentos, tanto no caso de terceiros ou manutenção própria. No caso de manutenção própria, você deverá considerar os gastos com espaço, mão-de-obra e ferramental, além do impacto financeiro resultante da estocagem de peças.

Gastos com materiais para embalamento e unitização de cargas como filme stretch, filme retrátil, cintas em nylon, páletes, etc. podem ser alocados na conta EQUIPAMENTOS de MAM.

Por fim, teremos a conta DIVERSOS. Essa conta reúne gastos com comunicação, material de papelaria e suprimentos para informática, serviços de motoboy e Correios, despesas com Saúde, Segurança e Meio Ambiente equipamentos de proteção individual, campanhas internas de conscientização como prevenção à AIDS, alcoolismo, gripe suína, além de gastos com CIPA, SIPAT e Brigada de Incêndio, depreciação e custo de oportunidade de mobiliários armários, mesas, cadeiras, divisórias, itens de decoração, equipamentos de informática computadores, impressoras, servidores, equipamentos de radiofreqüência, antenas, e infra-estrutura de segurança câmeras, CFTV, sistemas de controle de acesso, licença de softwares antivírus e firewall, pacote Office, solução WMS e ERP, softwares de segurança interna. Aqui podemos incluir despesas com água e energia elétrica, segurança patrimonial e laudos e licenças diversos.

Ao final, você terá um custo mensal. Esse custo poderá, posteriormente, ser visualizado de diferentes formas
- custo como um por cento da ROL – Receita Operacional Líquida
- custo como um por cento do Custo Logístico Total
- custo por tonelada
- custo por volume
- custo por pedido
- custo por m² ou m³

A visualização do custo de movimentação e armazenagem por unidade recebida ou expedida ou por posição palete na quinzena ou no mês dependerá da alocação dos custos por atividade, num segundo estágio. Nesse caso é necessário trabalhar com o a metodologia do custeio por atividades ABC.

A medição dos custos é o ponto de partida para a busca das melhores práticas mundiais. Portanto, apure e analise seus custos. E se possível, estabeleça um processo de benchmarking com outras empresas. Mãos-a-obra.

Artigo escrito por Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda



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