Os embarques de açúcar devem fluir mais
tranquilamente este ano a partir do maior produtor global, o Brasil, com as
previsões meteorológicas de longo prazo apontando para um inverno seco.
Isso reduziria o risco de uma repetição da
interrupção de embarques de duas temporadas atrás, que fez os preços da
commodity subirem.
A abertura de um terminal adicional de carregamento
no importante porto de Santos e o aprofundamento dos canais lá e em Paranaguá
são indicador adicional de que os longos e onerosos atrasos para o carregamento
são improváveis, disseram carregadores e meteorologistas.
Chuvas torrenciais em 2010 diminuíram o ritmo de
carregamento de açúcar no Brasil, forçando mais de 120 navios a esperar durante
semanas para pegar sua carga em Santos e Paranaguá.
Mesmo pequenas quantidades de chuva em porões de
navios podem danificar as cargas de açúcar, tornando o produto duro e
irregular, o que faz com que os embarques sejam suspensos quando chove.
"Nós esperamos que fique muito bem em termos
de carregamento de açúcar. Nossa expectativa é de que as coisas vão ser
semelhantes à temporada passada", disse Nicolle de Castro, assistente
comercial da consultoria SA Commodities.
A interrupção do carregamento em 2010 coincidiu com
um pico na demanda por açúcar quando a oferta de algumas fontes asiáticas
falhou. Isso ajudou os futuros do açúcar em New York Times a
quase dobrarem para cerca de 28 centavos por libra-peso, entre o início e o
pico da colheita.
Os custos para os carregadores também saltou quando
a chuva segurou os carregamentos em 2010. As taxas de demurrage por si só são
normalmente em torno de 15 mil e 30 mil por dia.
Naquele ano, o fenômeno climático El Niño, que
deixa o Sul do Brasil mais úmido do que o normal, prejudicou o carregamento de
açúcar por dias. Seu oposto, o La
Niña , trouxe secura este ano, mas o fenômeno já está
desaparecendo. Embora os meteorologistas diga que o El Niño poderia voltar,
seus efeitos não serão vistos até depois do pico da colheita.
"Até o final de março, já devemos ter
condições neutras (El Niño / La
Niña ), que devem ser observadas pelo outono e durante o
inverno também", disse Olivia Nunes, da Somar Meteorologia, em São Paulo. "Não vai ser um inverno úmido, mas será
um com níveis normais de chuva", disse ela.
Modelos de previsão da Somar não fizeram nenhuma
projeção de outro El Niño, mas a World Weather Inc, norte-americana, disse
esperar que o fenômeno apareça no final do ano. Ela advertiu que os meteorologistas
ainda não estavam em uníssono sobre a probabilidade de que fosse ocorrer.
TERMINAL
Reforçando a capacidade, o maior consumidor de
commodities da Ásia, o Noble Group, inaugurou um terminal de carregamento de
açúcar em Santos, em outubro do ano passado, somando quase 11 milhões de
toneladas por ano de capacidade ao porto.
O Brasil exportou cerca de 26,5 milhões de
toneladas de açúcar, bruto e refinado, em 2011, segundo mostraram dados do
Ministério do Comércio.
O novo terminal adiciona uma bem-vinda capacidade
extra, enquanto o Brasil persegue uma rápida expansão da produção de
cana-de-açúcar, apesar de um revés na temporada passada, quando o mau tempo e o
envelhecimento de canaviais atingiu os rendimentos e gerou uma queda na
produção, após uma década de crescimento ininterrupto.
A produção de açúcar deve crescer apenas
modestamente nesta temporada. A produção de cana está pronta para se recuperar
parcialmente este ano, dizem os analistas, mas ainda está aquém do recorde da
temporada de 2010.
A Rumo Logística, braço logístico da maior
produtora brasileira de açúcar, a Cosan, anunciou planos para instalar uma
cobertura para permitir o carregamento durante o período chuvoso.
A explosão de duas grandes rochas no canal de
acesso a Santos e a remoção de um cargueiro que naufragou há décadas também vão
permitir que navios de maior porte atraquem, uma vez que a dragagem tenha sido
realizada nos berços, disse de Castro.
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2012 Thomson Reuters/ Por Peter Murphy
Fonte:
veja.abril.com.br/noticia/economia
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