Quem
não consegue colocar o seu projeto no papel, provavelmente não conseguirá
viabilizá-lo no mundo real. Infelizmente, os empresários brasileiros são
arredios a planejamentos, correndo riscos desnecessários em função disso. Existe
o receio de que o planejamento possa engessar a empresa, que é infundado se o
planejamento tiver pontos de controle, e um bom direcionamento. Com o
planejamento em exportação, a empresa consegue coordenar as suas ações, avaliar
os riscos e oportunidades, investimentos, retorno, metas, conseguindo,
portanto, um melhor controle do processo, evitando, assim, surpresas
desagradáveis.
Planejar a exportação é fundamental e garantia de sucesso a longo prazo |
As
empresas brasileiras já estão acostumadas a alguns "Planejamentos
Estratégicos", tais como os já conhecidos planejamentos financeiros, de
marketing, informática, vendas, entre outros. No entanto, não existe a cultura
da montagem de um "Planejamento Específico de Exportação". Algumas
empresas consideram a "exportação" como acessório do Planejamento de
Vendas, mas pela importância e pelas diferenciações, a montagem de um
planejamento exclusivo para a exportação é recomendado. Seguem abaixo algumas
regras práticas para a montagem do Planejamento de Exportação:
MERCADO
INTERNO X MERCADO EXTERNO
Exportar, excelente alternativa de crescimento para as empresas. |
Precisamos
respeitar as diferenças entre o mercado interno e o externo. Não podemos
simplesmente comparar os preços. Cada país tem sua estrutura, sua concorrência
e precisamos adequar o preço/produto a essas características. Alguns
empresários só aceitam exportar se o preço de venda for maior do que o preço de
referência no mercado interno. Eles não pensam com estratégia de longo prazo, e
só se lembram da exportação quando as suas vendas estão baixas no Brasil.
EXPORTAR
É ESTRATÉGICO
A
razão principal para exportar deverá ser o instrumento para melhorar a
competitividade da empresa, inclusive no mercado interno. Exportando se
consegue:
Ø
Diminuir a
vulnerabilidade no mercado doméstico;
Ø
Diluir o custo
fixo via aumento da produção;
Ø
Ter benefícios
fiscais (ICMS, IPI, PIS, COFINS);
Ø
Ter acesso a
novas tecnologias e investimentos estrangeiros;
Ø
Captar recursos
com taxas internacionais (ACC, ACE, PROEX, etc);
Ø
Ter uma marca
internacional;
Ø
Diminuir a
ociosidade de produção;
Ø
Poder importar
com a proteção da exportação (se tiver dívida em dólar, a exportação lhe dará a
certeza que terá créditos em moeda forte para fazer frente a esta dívida).
Um
exemplo, desta visão estratégica é aquela adotada por algumas empresas,
principalmente, de bens de consumo, que utilizam a exportação para diluir o custo
fixo por produto, e com isto aumentar a sua rentabilidade no mercado interno.
Podemos afirmar com segurança, que se pode trabalhar no mercado externo com
rentabilidade beirando a zero, e através do simples aumento da utilização da
capacidade produtiva via exportação, se consegue diluir melhor o custo fixo da
empresa e, conseqüentemente, melhorar as condições desta empresa em suas vendas
no mercado interno.
Esse
é apenas um dos exemplos da utilização de forma estratégica da exportação. A
empresa que utiliza com inteligência todas as ferramentas disponíveis na
exportação, fica com posição mais sólida no Brasil e no exterior, aumentando
suas chances de sucesso.
REQUISITOS
MÍNIMOS NECESSÁRIOS
Ø Tempo: as
exportações começam a ter resultados a médio/longo prazo. É necessário estudar
os mercados, selecionar parceiros, desenvolver ou alterar produtos, embalagem,
certificações, etc.
Ø Capital: para
investir em viagens, telefonemas, pesquisas de mercado, malas diretas, feiras,
etc.
Ø Responsável
dentro da empresa: ter uma pessoa que pense e “respire” exportação,
que cobre e seja cobrado. Não adianta colocar esta atribuição para uma
secretária ou uma pessoa de vendas sem experiência na área. Existem
características imprescindíveis para este profissional, tais como: conhecimento
de uma língua estrangeira, experiência de campo, postura comercial,
comunicabilidade, saúde para viagens, conhecimento técnico do produto, evitando
assim atitudes amadoras que poderão comprometer a empresa como um todo.
Ø Objetivos claros: definir
mercados, metas, investimentos necessários, aplicação dos recursos, retornos,
plano de ação, cronograma financeiro/operacional.
ESTRUTURA
BÁSICA DE UM PLANEJAMENTO EM EXPORTAÇÃO
Ø Análise da
empresa: verificar se ela está realmente pronta para exportação. É
importante que a empresa esteja madura, contando já com uma boa participação no
mercado interno, que domine o processo de produção, tenha saúde financeira para
os investimentos iniciais; verificar também, se os seus concorrentes estão
exportando e para quais mercados. Este é um bom indício de que você também tem
condições de fazê-lo. Essas informações não são difíceis de se obter. Consulte
o seu Sindicato, Associações Patronais, Banco do Brasil, Sebrae, Ministério das
Relações Exteriores, etc.
Ø Análise do
produto: algumas perguntas terão que ser respondidas, tais como: meu produto
tem algum atributo especial que favoreça a venda? A empresa tem condição de
manter um padrão de qualidade consistente e uniforme? A empresa tem produção
suficiente para atender a demanda do mercado interno e externo? O produto pode
ser adaptado para atender gostos e necessidades do mercado externo? Será
necessário imprimir literatura de venda, manuais de instrução, licenças? O
preço do frete é excessivamente alto?
Ø Análise do
mercado: sugerimos focar os esforços de venda em países com maiores
perspectivas delas, analisando potencial de mercado, modificações necessárias,
preços da concorrência, canais de distribuição, concorrência, custo para
alcançar o nível de vendas desejado. Evitando, dessa forma, os mercados onde o
produto:
ü Não oferece
nenhum atrativo especial;
ü Não atende os
gostos do consumidor externo,
ü Onde a
necessidade de adaptação for maior do que a garantia de demanda;
ü Onde o
investimento for excessivo;
ü Restrições para
importação forem altas;
ü Necessidade de
manutenção de estoque de peças sobressalentes, e serviços de assistência
técnica muito caro e difícil.
Ø Montagem do plano
de ação: relacionar as ações necessárias, cronograma das mesmas a curto,
médio e longo prazo, os recursos e retornos esperados.
Ø Montagem do sistema
de controle/correção/feedback: sistemas de controle para avaliação dos
resultados e correções de rotas.
Planejando a exportação. |
O
tempo que é utilizado para a montagem do planejamento será amplamente
recompensado, evitando assim ações desorganizadas com perda de tempo e
recursos.
Temos
a certeza de que a empresa que montar e utilizar adequadamente um “planejamento
de exportação” dará, a seus controladores, informações mínimas para começarem a
trabalhar o mercado externo de maneira séria e sustentável.
Por Rose Mary Estácio
SEBRAE-SP
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