Infelizmente, nada conspira
a favor do profissional de armazéns. Fatos recentes e tendências futuras
apontam para uma realidade operacional cada vez mais complexa. Será cada vez
maior a cobrança por resultados e menor a tolerância por erros.
O número de itens comercializados SKUs – Stock Keep Units tende a aumentar continuamente, e
isso, aliado à necessidade de controle e rastreabilidade por lotes, deverá
gerar perda no aproveitamento do espaço cúbico e dificuldades cada vez maiores
de unitização das cargas. Isso implicará em maior necessidade de espaço físico
e de melhores controles no inventário dos materiais.
Pressões por melhores níveis de serviços e pela
redução de estoques nos diferentes canais de distribuição colaborarão para o
maior fracionamento dos pedidos e pelo aumento da velocidade de atendimento.
Quanto menores e mais frequentes, maior a necessidade de deslocamentos e de
apanhes para o atendimento da demanda. Mais pessoas, mais equipamentos e mais
tecnologia envolvida na operação de separação de pedidos.
A legislação verde somada à pressão econômica e social
pela recuperação do valor dos produtos dentro da cadeia logística levará a um
considerável aumento da logística reversa, exigindo a necessidade de novas
operações como a triagem dos produtos retornados, o processamento reparo,
desmontagem, re-embalamento, estocagem ou retorno ao Fornecedor, e ainda
a destinação final envio para o aterro sanitário, por exemplo, além de novos
controles administrativos, como inventários dirigidos, auditorias e lançamentos
nos sistemas ERP e/ou WMS.
O cenário é realmente preocupante e os
profissionais de armazéns precisarão ir
além do que já tem sido feito
para que possam, efetivamente, contribuir para o aumento da competitividade de
suas empresas, transformando a logística em um diferencial em relação aos seus
concorrentes.
Veja, abaixo, algumas dicas importantíssimas:
Adote uma cultura lean na sua operação
A filosofia lean ou enxuta atua diretamente no combate
aos desperdícios e na eliminação de atividades que não agregam valor aos seus
Clientes internos e externos. Por exemplo por que realizar a conferência de
cargas na transferência de uma fábrica para um Centro de Distribuição ou entre
Centros de Distribuição de uma mesma empresa. Parece loucura eliminar a
conferência de cargas, mas muitas empresas estão fazendo isso, inclusive junto
a terceiros.
Outro exemplo por que não agendar cargas ou
descargas ao invés de trabalhar de forma reativa, incorrendo inclusive em
horas-extras.
Tenha pelo menos cinco projetos lean em andamento, focando reduções de
custos com espaço físico, layout operacional, fluxo físico de
materiais, energia elétrica, equipamentos de movimentação, pessoal e
processos-chave.
Monte uma equipe, caso não disponha de recursos
internos, busque ajuda de um especialista. Em seguida, mapeie os processos e
analise-os sob a ótica de valor agregado. Reúna a equipe de trabalho e
identifique oportunidades em processos e infra-estrutura, eliminando tudo
aquilo que é desnecessário.
E não pare por aí, pois a filosofia lean prega um processo de melhoria contínua.
Pratique o cross-docking sempre que possível
Com um pouco de planejamento, você conseguirá
atuar em regime de cross-docking e isso permitirá um aumento do fluxo
de materiais no seu Centro de Distribuição, reduzindo estoques.
Fácil não é, obviamente. Tampouco será possível
realizar esse projeto isoladamente. Envolva seus Fornecedores, Parceiros
Logísticos e Clientes, identificando alternativas de benefícios mútuos.
Gerencie adequadamente a sua equipe
Nem sempre será possível reduzir a mão-de-obra.
Muitas empresas passaram por sucessivas reduções de pessoal nos últimos anos e
qualquer diminuição no quadro operacional poderá causar mais transtornos e
custos do que realmente representar um ganho para a empresa.
Adote então uma abordagem qualitativa, buscando aumento
de produtividade junto ao contingente de pessoal existente.
Capacite a sua equipe em conceitos técnicos.
Qual a última vez que você proporcionou um treinamento para seus colaboradores
do armazém. Se você acha que não precisa treinar conferentes, operadores de
empilhadeira, separadores e auxiliares operacionais, você está muito enganado.
Se você acredita que eles não aproveitarão os conceitos e ferramentas
apresentadas, você também está muito enganado.
Disponibilize à sua equipe as ferramentas de
gestão da qualidade e a tecnologia mínima necessária. Eles conhecem a fundo
ferramentas como PDCA, 5W2H, Diagrama de Causa e Efeito. Tem domínio e acesso
ao Excel, Power Point, Acess.
Analise questões ergonômicas. Elas podem
colaborar na queda da produtividade de seu pessoal, no aumento do número de
acidentes e na ocorrência de maiores erros como a falta de produtos, inversão
de mercadorias e avarias.
Pratique o housekeeping.
Melhore a limpeza e a organização do armazém. Isso motivará a sua equipe.
Também procure estar em permanente contato com a
sua equipe. Esteja mais presente na operação. Acompanhe de perto a rotina
diária. Escute aquilo que eles têm para falar. O alto índice de turn-over em armazéns no Brasil constitui-se num
dos maiores problemas dos Operadores Logísticos e de alguns Embarcadores. O
índice normal é de 3 a
5 por cento ao mês, mas algumas empresas enfrentam problemas de 10 a 20 por cento.
E cobre os resultados. Defina indicadores de
desempenho e métricas ordinárias. Cobre de forma organizada e constante.
Reduza estoque
Grande parte dos estoques de segurança está
diretamente relacionada às falhas no processo de previsão de vendas, outra
parte está relacionada às incertezas inerentes ao processo. Então, que tal
parar de reclamar dos problemas causados e procurar trabalhar em conjunto, de
forma colaborativa, com a sua equipe comercial.
Sabemos que essa missão é quase impossível, mas porque
não transformá-la em realidade.
Comece medindo a acurácia entre a venda prevista
e realizada. Levante também os problemas causados e os custos incorridos com a
má previsão de vendas e com a desastrosa política de renovação do portfólio de
produtos acabados conduzida pela área de marketing.
Em seguida, obtenha apoio e patrocínio de altos
executivos. Proponha a realização de um detalhado estudo sobre o processo de
planejamento de vendas e operações, conhecido como S&OP – Sales and Operations Planning.
Monte uma equipe multifuncional, com
representantes da área de Vendas, Marketing, PCP, Compras, Custos, Produção e
Logística e trabalhem no mapeamento e análise dos processos-chave relacionada à
previsão de vendas, planejamento e controle da produção e gestão de estoques. Identifique
as oportunidades e implante as melhorias possíveis.
Repito, não será fácil. Alguém terá que
encabeçar essa mudança. Por que não você.
Conheça e controle seus custos
Você tem um profundo conhecimento dos seus
custos logísticos. Tem uma visão clara de como se comportam e das variáveis de
influência. Levante todos os custos existentes. Separe-os em custos com o
espaço físico, pessoal, equipamentos de movimentação e outros papelaria,
comunicação, segurança patrimonial, mobiliário, tecnologia da informação.
Monitore os custos e em equipe, procure
identificar formas de reduzi-lo. Se possível, faça benchmarking com outras empresas. Dessa forma você
poderá avaliar a estrutura dos seus custos e a sua representatividade em
relação à receita operacional líquida ROL da empresa.
Artigo escrito por Marco
Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog e da Guepardo, empresas de
consultoria e treinamento em logística.
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