A Maestra Navegação e Logística, empresa do
segmento de cabotagem controlada pela Triunfo Participações, quer que seus
quatro navios de transporte de contêineres atinjam uma ocupação média de 66%
neste ano, com uma movimentação total de 85 mil TEUs (contêineres com tamanho
equivalente a 20 pés ).
Em março, as embarações já atingiram o patamar de 48% de ocupação.
A empresa, que quer encerrar o ano com uma
participação de mercado no segmento entre 10% e 12%, está investindo na
regionalização das operações nos cinco portos brasileiros onde atua. Isso
significa que questões como atendimento ao cliente e multimodalidade serão
resolvidos diretamente em Navegantes (SC), Santos (SP), Salvador (BA), Suape
(PE) e Manaus (AM), os cinco locais onde os navios atracam semanalmente.
"A regionalização é uma demanda que a gente
tem sentido", explica o presidente da Maestra, Fernando Real. De acordo
com o executivo, em Manaus, Navegantes e Santos, a nova estrutura já está
montada, enquanto em Salvador e Suape estão em fase de implantação.
Atualmente, a empresa, que detém 12 mil contêineres
próprios mas também transporta os de outras empresas do setor, possui uma
parceira com a japonesa Nippon Yusen Kabushiki (NYK) em que até 25% dos
contêineres transportados pelos navios correspondam a importações. A NYK detém
10% do capital social da Maestra.
Dos quatro navios da Maestra, dois são próprios - o
Maestra Atlântico e o Maestra Mediterrâneo - e dois são afretados - Maestra
Pacífico e Caribe. A companhia recebeu seu quarto navio em 27 de fevereiro.
Existem planos de elevar a frota da empresa, mas Real alerta para o fato de que
navios de cabotagem precisam ter bandeira nacional, ou seja, terem quase a
totalidade de seus componentes produzidos localmente.
"Isso é um limitador por conta da baixa oferta
de fabricantes de navios brasileiros... hoje os estaleiros estão mais focados
na demanda do pré-sal", afirmou.
Real afirma que o segmento de cabotagem - transporte
de produtos entre portos de um mesmo país - está crescendo e sendo incentivado
pelo governo. "A matriz no Brasil é o segmento rodoviário, mas estamos
sentindo trabalhos do governo querendo fomentar a cabotagem... É assim que as
coisas funcionam: incentivo do governo e investimento privado."
De acordo com dados da Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq), a movimentação da cabotagem no Brasil cresceu
de 137 milhões de t em 2002 para 193,5 milhões de t no ano passado. Entre 2010
e 2011 houve um crescimento de 3%.
ENTRAVES
De acordo com o presidente da Maestra, o setor de
cabotagem enfrenta dois grandes problemas que interferem no seu crescimento.
"O principal entrave é o bunker (combustível utilizado pelos navios). Não
faz sentido armadores estrangeiros abastecerem no Brasil sem pagar imposto,
enquanto os brasileiros pagam", disse Real.
De acordo com o executivo, as empresas brasileiras
de cabotagem pagam PIS/Cofins de 9,25% além de ICMS, que varia de acordo com o
Estado.
O segundo problema, de acordo com Real, diz
respeito à mão de obra. "Há a necessidade de abrir novas escolas para
formação de mão de obra marítima", afirmou o presidente. De acordo com
ele, a Maestra conseguiu atrair mão de obra qualificada quando adotou o sistema
30/30, ou seja: 30 dias consecutivos de trabalho e 30 de folga. Geralmente o
setor adota uma escala de 60 dias trabalhados para 30 de folga.
Fonte: Portal Terra
Reuters News
Iniciativas como a da Maestra Navegação e Logística
são importantes para impulsionar o transporte marítimo de cabotagem que além
econômico se apresenta como uma alternativa sustentável. Empresas como
LG e Unilever utilizam este modo de transporte de carga para tornarem-se mais
competitivas, reduzindo seus custos com fretes.
Localização dos portos no litoral brasileiro. |
O litoral brasileiro, com seus 8.511 km de extensão, é
beneficiado pelas condições favoráveis de navegação durante o ano inteiro, conta
com 33 portos ao longo da costa atingindo todos os estados litorâneos do país o
que torna este modo de transporte de carga bastante atrativo.
É inconcebível pensar que um país com dimensões
continentais como o Brasil não tenha um transporte marítimo de cabotagem tão eficiente
quanto o de outras nações desenvolvidas. Com um crescimento de apenas 42% nos
últimos 10 anos (como visto na reportagem acima) percebe-se o quanto ainda
poderá ser investido neste meio de transporte de carga.
Prof. Geraldo Cesar Meneghello
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